KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus


Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções")

de
Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya



Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
Krishna-Damodara com Mãe Yashoda
(Original Sem "Correções")
de
Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya




A meu pai, Gour Mohon De (1849-1930)
Um devoto puro de Krishna, que me criou como um filho consciente de Krishna desde o início da minha vida. Durante meus tempos de infância, ele me ensinou a tocar mridanga. Ele me deu Radha-Krishna Vigraha para adorar, e me deu um carro Jagannatha-Ratha para festejar corretamente o festival como minha brincadeira de criança. Ele era muito bom comigo, e eu absorvi dele as idéias que mais tarde foram solidificadas por meu mestre espiritual, o pai eterno.


Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções")
de
Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya

Apresentação
de
George Harrison
("Palavras da Apple")

Todos procuram por KRISHNA.
Alguns não percebem que estão, mas estão sim.
KRISHNA é DEUS, a Fonte de tudo que existe, a Causa de tudo que existe, ou que venha a existir.
Porque DEUS é ilimitado, ELE possui muitos Nomes.
Alá, Buddha, Jeová, Rama: Todos são KRISHNA, todos são o MESMO.
Deus não é abstrato; Ele possui os dois aspectos impessoal e pessoal na Sua personalidade que é SUPREMA, ETERNA, BEM-AVENTURADA, e plena de CONHECIMENTO.
Do mesmo modo como uma única gota de água tem as mesmas qualidades de um oceano de água, nossa consciência possui as qualidades da consciência de Deus... mas por causa de nossa identificação e apego com a energia material (corpo físico, prazeres sensuais, posses materiais, ego etc.) nossa verdadeira CONSCIÊNCIA TRANSCENDENTAL ficou poluída, e igual a um espelho sujo que não pode refletir a imagem pura.
Com muitas vidas, nossa associação com o TEMPORÁRIO cresceu. Este corpo impermanente, um saco de ossos e carne, é confundido com nosso verdadeiro eu, e aceitamos esta condição temporária como definitiva.
Através de todas as eras, grandes SANTOS permaneceram como prova viva de que este estado não temporário, permanente da CONSCIÊNCIA DE DEUS pode ser revivido em todos Seres viventes. Cada alma é potencialmente divina.
Krishna afirma no Bhagavad-gita: "Fixo no Eu, livre de toda contaminação material, o yogi alcança o estágio de perfeição mais elevado de felicidade em contato com a Consciência Suprema" (Bg. 6.28).
YOGA (método científico para realização de DEUS (AUTO-REALIZAÇÃO)) é o método pelo qual purificamos nossa consciência, impedimos mais poluição, e chegamos ao estado de Perfeição, CONHECIMENTO pleno, BEM-AVENTURANÇA plena.
Se existe um Deus, eu quero vê-Lo. Não tem sentido acreditar em algo sem prova, e Consciência de Krishna e meditação são métodos onde você pode obter realmente percepção de Deus. Você pode ver Deus de verdade, e ouvi-Lo, brincar com Ele. Pode parecer loucura, mas Ele existe realmente, de verdade com você.
Existem muitos caminhos de yoga, Raja, Jñana, Hatha, Kriya, Karma, Bhakti, os quais são todos aclamados pelos MESTRES de cada método.
SWAMI BHAKTIVEDANTA é como seu título diz, um BHAKTI-YOGI que segue o caminho da DEVOÇÃO. Por servir a DEUS com cada pensamento, palavra, e ATO, e por cantar SEUS Santos Nomes, o devoto desenvolve rapidamente Consciência de Deus. Por cantar
Hare Krishna Hare Krishna
Krishna Krishna Hare Hare
Hare Rama Hare Rama
Rama Rama Hare Hare
a pessoa inevitavelmente chega à Consciência de KRISHNA. (A prova do pudim está em comê-lo!).
Peço que aproveite este livro de KRISHNA, e penetre em seu entendimento.
Também peço que você marque um compromisso para encontrar seu Deus agora, pelo processo de autoliberação do YOGA (UNIÃO) e DÊ UMA CHANCE PARA A PAZ (GIVE PEACE A CHANCE).
TUDO O QUE VOCÊ PRECISA É DE AMOR (KRISHNA) HARI BOL.
ALL YOU NEED IS LOVE (KRISHNA) HARI BOL.
George Harrison
(31/03/70)
Apple Corps Ltd
3 Savile Row London W1 Gerrard
2772/3993 Telex Apcore London
(Londres - Inglaterra)

Sriman George Harrison Prabhu


Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções")
de
Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya


Prefácio
nivrtta-tarsair upagiyamanad
bhavausadhac chrotra-mano-'bhiramat
ka uttamasloka-gunanuvadat
puman virajyeta vina pasu-ghnat

"Glorificação da Suprema Personalidade de Deus é realizada no sistema parampara, ou seja, é transmitida do mestre espiritual para o discípulo. Essa glorificação é apreciada por quem não está mais interessado na falsa glorificação temporária desta manifestação cósmica. Descrições sobre o Senhor são o remédio correto para a alma condicionada submetida a repetidos nascimentos e mortes. Portanto, quem vai parar de ouvir essa glorificação do Senhor além de um assassino ou quem mata seu próprio eu"? (Srimad Bhagavatam 10.1.4).
Nos países ocidentais, quando alguém vê uma capa de livro como KRISHNA, pergunta imediatamente, "quem é Krishna? Quem é a moça com Krishna"? etc..
A resposta imediata é que Krishna é a Suprema Personalidade de Deus. Como é isso? Porque Ele corresponde exatamente em detalhes com as descrições do Ser Supremo, o Deus Supremo. Em outras palavras, Krishna é o Supremo porque Ele é todo-atrativo. Fora do princípio da atração completa, não há sentido para a palavra Supremo. Como alguém pode ser todo-atrativo? Em primeiro lugar, se a pessoa é muito rica, se tiver muito dinheiro, é muito atraente para as pessoas em geral. Similarmente, se alguém é muito poderoso, também se torna atraente, e se alguém é muito famoso, também se torna atraente, e se alguém é muito belo ou sábio ou desapegado de todos tipos de posses, também se torna atraente. Assim, pela experiência prática, podemos observar que uma pessoa é atrativa devido a 1) riqueza, 2) poder, 3) fama, 4) beleza, 5) sabedoria, e 6) renúncia. Aquele que tem a posse de todas essas seis opulências ao mesmo tempo, que as possui em grau ilimitado, é considerado a Suprema Personalidade de Deus. Essas opulências do Supremo são descritas por Parashara Muni, uma grande autoridade Védica.
Nós vemos muitas pessoas ricas, muitas pessoas poderosas, muitas pessoas famosas, muitas pessoas bonitas, muitas pessoas educadas e eruditas, e muitas pessoas na ordem de vida renunciada desapegadas das posses materiais. Mas nunca vimos uma única pessoa sequer que é ilimitadamente e simultaneamente rica, poderosa, famosa, bonita, sábia e desapegada, como Krishna, na história da humanidade. Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, também é uma personalidade histórica que apareceu nesta Terra 5.000 anos atrás. Ele permaneceu na Terra por 125 anos e atuou exatamente como um ser humano, mas Suas atividades são sem paralelo. Desde o primeiro momento de Seu aparecimento até o momento de Seu desaparecimento, cada uma de Suas atividades é sem paralelo na história do mundo, e portanto qualquer um que saiba o que queremos dizer com Supremo aceitará Krishna como a Suprema Personalidade de Deus. Ninguém é igual ao Supremo, e ninguém é maior do que Ele. Esse é o significado do dito popular "Deus é grande".
Existem várias classes de pessoas no mundo que falam sobre Deus de formas diferentes, mas segundo a literatura Védica e de acordo com os grandes acharyas, as pessoas autorizadas versadas no conhecimento sobre Deus, em todas as eras, como os acharyas Shankara, Ramanuja, Madhwa, Vishnuswami, Senhor Chaitanya e todos os seguidores deles na sucessão discipular, todos concordam unanimemente que Krishna é a Suprema Personalidade de Deus. Quanto a nós, seguidores da civilização Védica, aceitamos a história Védica do universo inteiro, que consiste de vários sistemas planetários chamados Swargalokas, ou sistema planetário superior, Martyalokas, ou sistema planetário intermediário e Patalalokas, ou sistema planetário inferior. Os historiadores modernos desta Terra não podem suprir evidências históricas dos eventos que ocorreram antes de 5.000 anos atrás, e os antropólogos dizem que o Homo sapiens não apareceu no planeta antes de 40.000 anos atrás porque a evolução não tinha chegado a esse ponto. Mas as histórias Védicas, os Puranas e Mahabharata, relatam histórias humanas que se estendem a milhões e bilhões de anos no passado.
Por exemplo, essas literaturas narram histórias dos aparecimentos e desaparecimentos de Krishna milhões e bilhões de anos atrás. No Quarto Capítulo do Bhagavad-gita, Krishna diz para Arjuna que tanto Ele quanto Arjuna tiveram muitos nascimentos antes, e que Ele (Krishna) podia lembrar todos e que Arjuna não podia. Isso ilustra a diferença entre o conhecimento de Krishna e o de Arjuna. Arjuna podia ser um guerreiro extraordinário, um membro muito culto da dinastia Kuru, mas em última instância, era um ser humano ordinário, enquanto Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, é o possuidor de conhecimento ilimitado. Por que Ele possui conhecimento ilimitado, Krishna tem uma memória que é ilimitada.
O conhecimento de Krishna é tão perfeito que Ele lembra todos os incidentes de Suas aparições alguns milhões e bilhões de anos no passado, mas a memória e o conhecimento de Arjuna são limitados por tempo e espaço, porque ele é um ser humano ordinário. No Quarto Capítulo, Krishna afirma que Ele pode lembrar as aulas com as instruções do Bhagavad-gita alguns milhões de anos atrás para o deus do Sol, Vivasvan.
Hoje em dia, é moda da classe de pessoas ateístas tentar se tornar Deus por seguir algum processo místico. Geralmente, os ateístas alegam ser Deus por causa de sua imaginação ou de sua perícia na meditação. Krishna não é esse tipo de Deus. Ele não Se torna Deus pela manufatura de algum processo místico de meditação, nem Se torna Deus por se submeter a severas austeridades dos exercícios de yoga místico. Para falar corretamente, Ele nunca Se torna Deus porque Ele é o Supremo em todas as circunstâncias.
Dentro da prisão de Seu tio materno Kamsa, onde Seu pai e mãe estavam presos, Krishna apareceu fora do corpo de Sua mãe como Vishnu-Narayana de quatro mãos. Depois, Ele Se transformou num bebê e disse a Seu pai para levá-Lo para a casa de Nanda Maharaja e sua esposa Yashoda. Quando Krishna ainda era um bebezinho, a demônia gigantesca Putana tentou matá-Lo, mas Ele mamou no seio dela e sugou sua vida também. Essa é a diferença entre o Supremo real e um Deus manufaturado na fábrica mística. Krishna não teve chance de praticar o processo de yoga místico, mesmo assim Se manifestou como a Suprema Personalidade de Deus em cada passo, da infância à adolescência, da adolescência à juventude, e da juventude à maioridade. Neste livro, Krishna, todas Suas atividades como um ser humano são descritas. Apesar de Krishna atuar como um ser humano, Ele sempre mantém Sua identidade como a Suprema Personalidade de Deus.
Porque Krishna é todo-atrativo, a pessoa deve saber que todos seus desejos devem ser focalizados em Krishna. O Bhagavad-gita afirma que a pessoa individual é o proprietário ou senhor do corpo, mas Krishna, que é a Superalma presente no coração de todos, é o proprietário supremo e o senhor supremo de cada e todo corpo individual. Assim, se concentrarmos nossas propensões amorosas em Krishna somente, então imediatamente amor universal, unidade e tranqüilidade serão realizados automaticamente. Quando alguém rega a raiz de uma árvore, rega automaticamente os troncos, galhos, folhas e flores; quando alguém supre comida ao estômago pela boca, satisfaz todas as várias partes do corpo.
A arte de focalizar a atenção no Supremo e dar o amor pessoal para Ele é chamada Consciência de Krishna. Nós inauguramos o movimento da Consciência de Krishna para que todos possam satisfazer sua propensão de amar os outros simplesmente por direcionar esse amor para Krishna. O mundo inteiro está muito ansioso para satisfazer a propensão dormente de amar os outros, mas a invenção de vários métodos como socialismo, comunismo, altruísmo, humanitarismo, nacionalismo, ou qualquer outra coisa que possa ser manufaturada para a paz e prosperidade do mundo, são todos inúteis e frustrantes por causa de nossa ignorância grosseira sobre a arte de amar Krishna. Geralmente, as pessoas pensam que com o avanço da causa dos princípios morais e ritos religiosos, serão felizes. Outros podem achar que felicidade pode ser alcançada com desenvolvimento econômico, outros ainda pensam que simplesmente poderão ser felizes com o desfrute sensual. Mas o fato real é que as pessoas só podem ser felizes se amarem Krishna.
Krishna pode reciprocar perfeitamente as propensões amorosas da pessoa em diferentes relações chamadas doçuras, ou rasas. Basicamente, existem doze relacionamentos amorosos. A pessoa pode amar Krishna como o supremo desconhecido, como o supremo mestre, o supremo amigo, o supremo filho, o supremo amante. Essas são as cinco rasas de amor básicas. A pessoa também pode amar Krishna indiretamente em sete relações diferentes, que são aparentemente diferentes das cinco relações principais. No todo, entretanto, se a pessoa simplesmente depositar sua propensão amorosa em Krishna, então sua vida será bem sucedida. Isso não é uma ficção mas um fato que pode ser realizado pela aplicação prática. A pessoa pode perceber diretamente os efeitos que o amor por Krishna tem, em sua vida.
O Nono Capítulo do Bhagavad-gita denomina esta ciência da Consciência de Krishna de rei de todo conhecimento, o rei de todas as coisas confidenciais, e a ciência suprema da realização espiritual. De fato, podemos experimentar diretamente os resultados desta ciência da Consciência de Krishna porque é muito fácil de praticar e é muito prazerosa. Qualquer percentual de Consciência de Krishna que pudermos realizar, vai se tornar um bem eterno da nossa vida, porque é imperecível em todas as circunstâncias. Agora, foi provado efetivamente que a geração jovem frustrada dos países ocidentais pôde perceber diretamente os resultados da canalização de sua propensão amorosa para Krishna unicamente.
De fato, apesar da pessoa executar severas austeridades, penitências e sacrifício em sua vida, se falhar em despertar seu amor dormente por Krishna, então todas suas penitências são consideradas inúteis. Por outro lado, se a pessoa despertou seu amor dormente por Krishna, qual a utilidade de executar austeridades e penitências desnecessariamente?
O Movimento da Consciência de Krishna é um presente inigualável do Senhor Chaitanya para as almas caídas desta era. É um processo muito simples que foi realizado de verdade durante os últimos quatro anos nos países ocidentais, e não há dúvida de que este Movimento pode satisfazer as propensões amorosas da humanidade. Este livro, KRISHNA, é outro presente para ajudar o Movimento da Consciência de Krishna no mundo ocidental. Esta literatura transcendental é publicada em duas partes com profusas ilustrações. As pessoas adoram ler vários tipos de romances para gastar seu tempo e energia. Agora, essa tendência pode ser direcionada para Krishna. O resultado será a satisfação imperecível da alma, tanto individualmente quanto coletivamente.
O Bhagavad-gita afirma que até mesmo um pequeno empenho gasto no caminho da Consciência de Krishna pode salvar a pessoa do maior perigo. Centenas de milhares de exemplos podem ser citados sobre pessoas que escaparam dos maiores perigos da vida por causa de um mínimo avanço na Consciência de Krishna. Portanto, pedimos a todos que aproveitem esta grande literatura transcendental. O leitor descobrirá ao ler uma página depois da outra, um imenso tesouro de conhecimento em arte, ciência, literatura, filosofia e religião revelado, e no fim, com a leitura deste único Livro, KRISHNA, amor pelo Supremo frutificará.
Agradeço imensamente a Sriman George Harrison, que agora canta Hare Krishna, pela generosa contribuição de 19.000 libras esterlinas para financiar todo o custo da publicação deste Livro. Que Krishna abençoe esse maravilhoso rapaz com mais avanço na Consciência de Krishna.
E finalmente, minhas bênçãos para sempre a Sriman Shyamasundara Dasa Adhikari, Sriman Brahmananda Dasa Brahmachari, Sriman Hayagriva Dasa Adhikari, Sriman Satswarupa Adhikari, Srimati Devahuti-devi, Srimati Jadurani Dasi, Sriman Muralidhara Dasa Brahmachari, Sriman Bharadwaja Dasa Adhikari and Sriman Pradyumna Dasa Adhikari, etc., pelo seu trabalho dedicado em várias áreas para tornar esta publicação um grande sucesso.
Hare Krishna
A.C. Bhaktivedanta Swami

Dia do Advento de
Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati
26 de fevereiro de 1970
Central da ISKCON
3764 Watseka Avenue
Los Angeles, Califórnia


Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções")
de
Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada
Paramahamsa Thakura Mahashaya


Introdução
krsna! krsna! krsna! krsna! krsna! krsna! krsna! he
krsna! krsna! krsna! krsna! krsna! krsna! krsna! he
krsna! krsna! krsna! krsna! krsna! krsna! raksa mam
krsna! krsna! krsna! krsna! krsna! krsna! pahi mam
rama! raghava! rama! raghava! rama! raghava! raksa mam
krsna! kesava! krsna! kesava! krsna! kesava! pahi mam

O Senhor Chaitanya cantava assim. (Quer dizer): "Ó Senhor Krishna, por favor Me proteja e Me mantenha".
"Ó Senhor Rama, descendente do rei Raghu, por favor Me proteja. Ó Krishna, ó Keshava, matador do demônio Keshi, por favor Me mantenha".
O Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu, conhecido como Gaurahari, seguia Seu caminho a cantar este verso. Sempre que via alguém, Ele pedia para cantar "Hari! Hari"!
Sri Chaitanya Charitamrita (Madhya 7.96)
Enquanto tento escrever este Livro, KRISHNA, quero prestar minhas respeitosas reverências a meu mestre espiritual, Om Vishnupada 108 Sri Srimad Bhaktisiddhanta Sarasvati Goswami Maharaja Prabhupada. Depois quero prestar respeitosas reverências ao oceano de misericórdia, o Senhor Sri Krishna Chaitanya Mahaprabhu. Ele é a Suprema Personalidade de Deus, o próprio Krishna, que aparece no papel de um devoto justamente para distribuir os princípios mais elevados do serviço devocional. O Senhor Chaitanya começou Sua pregação no estado conhecido como Gaudadesha (Bengala Ocidental). E como pertenço ao Madhwa-Gaudiya-sampradaya, quero prestar minhas respeitosas reverências à nossa sucessão discipular. Esse Madhwa-Gaudiya-sampradaya também é conhecido como Brahma-sampradaya porque a sucessão discipular começou originalmente com Brahma. Brahma instruiu o sábio Narada, Narada instruiu Vyasadeva, e Vyasadeva instruiu Madhwa Muni, ou Madhwacharya. Madhavendra Puri, o inaugurador do Madhwa-Gaudiya-sampradaya, pertencia à sucessão discipular de Madhwacharya; ele teve muitos discípulos famosos nas ordens de vida sannyasa (renúncia) e de casado, discípulos como Nityananda Prabhu, Adwaita Prabhu e Isvara Puri. Isvara Puri teve a graça de ser o mestre espiritual do Senhor Chaitanya Mahaprabhu. Por isso, vamos prestar nossas respeitosas reverências a Isvara Puri, Nityananda Prabhu, Sri Adwaita Acharya Prabhu, Shrivasa Pandita e Sri Gadadhara Pandita. Depois, prestamos respeitosas reverências a Swarupa Damodara, que atuou como o secretário pessoal do Senhor Chaitanya Mahaprabhu; e prestamos nossas respeitosas reverências a Sri Vasudeva Datta e ao constante servo pessoal do Senhor Chaitanya, Sri Govinda, e ao constante amigo do Senhor Chaitanya, Mukunda, e também a Murari Gupta. E prestamos nossas respeitosas reverências aos seis Goswamis de Vrindavana, Sri Rupa Goswami, Sri Sanatana Goswami, Sri Raghunatha Bhatta Goswami, Sri Gopala Bhatta Goswami, Sri Jiva Goswami e Sri Raghunatha Dasa Goswami.
Krishna explicou pessoalmente no Bhagavad-gita que Ele é a Suprema Personalidade de Deus. Sempre que há discrepâncias nos princípios reguladores da vida religiosa das pessoas e uma proeminência de atividades irreligiosas, Ele aparece neste planeta Terra. Em outras palavras, quando o Senhor Sri Krishna apareceu, havia uma necessidade de diminuir a carga de atividades pecaminosas acumuladas neste planeta, ou neste universo. O Senhor Maha-Vishnu, a porção plenária de Krishna, é o encarregado dos incidentes da criação material.
Quando o Senhor descende, a encarnação emana de Vishnu. Maha-Vishnu é a causa original da criação material, e Dele, Garbhodakashayi Vishnu Se expande, e depois, Kshirodakashayi Vishnu. Geralmente, todas encarnações que aparecem dentro deste universo material são expansões plenárias de Kshirodakashayi Vishnu. Portanto, a tarefa de diminuir a carga excessiva das atividades pecaminosas nesta Terra pertence à Suprema Personalidade de Deus, o próprio Krishna. Mas quando Krishna aparece, todas as expansões Vishnu também Se juntam a Ele. As várias expansões de Krishna, chamadas Narayana, a expansão quádrupla de Vasudeva, Sankarshana, Pradyumna e Aniruddha, bem como a expansão plenária parcial Matsya ou a encarnação de peixe, e os yuga-avataras (encarnações do milênio), e os manvantara-avataras, as encarnações de Manus; todos Se combinam juntos e aparecem no corpo de Krishna, a Suprema Personalidade de Deus. Krishna é o todo completo, e todas expansões plenárias e encarnações sempre vivem com Ele.
Quando Krishna apareceu, o Senhor Vishnu também estava com Ele. Krishna aparece na realidade para demonstrar Seus passatempos de Vrindavana e para atrair as almas condicionadas afortunadas e convidá-las para voltarem ao Lar, de volta ao Supremo. A matança de demônios foi simultânea a Suas atividades de Vrindavana e foi levada a cabo pela porção Vishnu de Krishna.
O Oitavo Capítulo, verso vinte, do Bhagavad-gita afirma que existe uma outra natureza eterna, o céu espiritual, que é transcendental a esta matéria manifesta e não-manifesta. O mundo manifesto pode ser visto na forma de muitas estrelas e sistemas planetários, como o Sol, a Lua etc., mas além disso, existe uma porção não-manifesta que não pode ser aproximada por ninguém neste corpo. E além da matéria não-manifesta existe o reino espiritual. Esse reino é descrito no Bhagavad-gita como supremo e eterno. Nunca é aniquilado. Esta natureza material é sujeita a criação e aniquilação repetidas. Mas aquela parte, a natureza espiritual, permanece como é, eternamente.
A morada suprema da Personalidade de Deus, Krishna, também é descrita no Brahma-samhita como a morada de chintamani. Essa morada do Senhor Krishna conhecida como Goloka Vrindavana é cheia de palácios feitos de pedra filosofal. Lá, existem árvores chamadas árvores do desejo, e as vacas são surabhi. O Senhor é servido por centenas de milhares de deusas da fortuna. Seu nome é Govinda, o Senhor Primordial, e Ele é a causa de todas as causas. Lá, o Senhor toca Sua flauta, Seus olhos parecem pétalas de lótus, e a cor de Seu corpo é como a de uma bela nuvem. Sua cabeça porta uma pena de pavão. Ele é tão atrativo que supera milhares de Cupidos. O Senhor Krishna dá apenas uma pequena descrição no Gita sobre Sua morada pessoal que é o planeta mais elevado do reino espiritual. Mas no Srimad Bhagavatam, Krishna aparece realmente com toda Sua parafernália e demonstra Suas atividades em Vrindavana, depois em Mathura, e depois em Dwaraka. O assunto deste Livro revelará gradualmente todas essas atividades.
A família na qual Krishna apareceu é chamada dinastia Yadu. Essa dinastia Yadu pertence à família que descende de Soma, o deus do planeta Lua. Existem duas famílias da classe nobre kshatriya diferentes, uma descende do rei do planeta Lua e a outra descende do rei do planeta Sol. Sempre que a Suprema Personalidade de Deus aparece, geralmente aparece numa família kshatriya porque precisa estabelecer os princípios religiosos ou a vida virtuosa. A família kshatriya é a protetora da raça humana, segundo o sistema Védico. Quando a Suprema Personalidade de Deus apareceu como o Senhor Ramachandra, apareceu na família descendente do deus do Sol, conhecida como Raghu-vamsa; e quando apareceu como o Senhor Krishna, fez isso na família Yadu-vamsa. Há uma longa lista dos reis da Yadu-vamsa no Nono Canto, Capítulo vinte e quatro, do Srimad Bhagavatam. Todos foram grandes reis poderosos. O nome do pai de Krishna é Vasudeva, filho de Shurasena, descendente da dinastia Yadu. Na realidade, a Suprema Personalidade de Deus não pertence a nenhuma dinastia deste mundo material, mas a família na qual a Suprema Personalidade de Deus aparece se torna famosa, pela graça Dele. Por exemplo, o sândalo é produzido nos estados da Malásia. O sândalo possui suas próprias qualidades à parte da Malásia, mas porque, por acaso, essa madeira é produzida principalmente nos estados da Malásia, é conhecida como sândalo malaio. Similarmente, Krishna a Suprema Personalidade de Deus pertence a todos, todavia, do mesmo modo como o Sol nasce no leste, apesar de que poderia aparecer em outras direções, o Senhor, por Sua própria escolha, aparece numa família específica, e essa família se torna famosa.
Quando Krishna aparece, todas Suas expansões plenárias também aparecem com Ele. Krishna apareceu junto com Balarama (Baladeva), que é famoso como Seu irmão mais velho. Balarama é o Sankarshana original, da expansão quádrupla. Balarama também é uma expansão plenária de Krishna. Neste Livro, tentaremos mostrar como Krishna apareceu na família da dinastia Yadu e como Ele exibiu Suas características transcendentais. Tudo isso é descrito detalhadamente no Srimad Bhagavatam; especialmente no Décimo Canto; e a base deste Livro é o Srimad Bhagavatam.
Os passatempos do Senhor geralmente são ouvidos e apreciados por almas liberadas. Aqueles que são almas condicionadas estão interessados em ouvir romances fictícios sobre as atividades materiais de pessoas comuns. Narrações que descrevem as atividades transcendentais do Senhor são encontradas no Srimad Bhagavatam e outros Puranas. Porém, as almas condicionadas ainda preferem estudar as narrações ordinárias. Não estão muito interessadas em estudar as narrações dos passatempos do Senhor, Krishna. Mesmo assim, as descrições dos passatempos do Senhor Krishna são tão atraentes que são apreciadas por todas classes de pessoas. Existem três classes de pessoas neste mundo. Uma classe consiste das almas liberadas, outra consiste daquelas que tentam ser liberadas, e a terceira consiste de pessoas materialistas. Seja a pessoa liberada ou tenta ser liberada, ou até mesmo é grosseiramente materialista, os passatempos do Senhor Krishna valem a pena serem estudados.
Almas liberadas não têm interesse em atividades materialistas. A teoria impersonalista que depois da liberação a pessoa se torna inativa e não precisa ouvir nada, não prova que uma pessoa liberada é inativa realmente. Uma alma vivente não pode ser inativa. É sempre ativa tanto no estado condicionado quanto no estado liberado. Uma pessoa doente, por exemplo, também é ativa, mas suas atividades são todas dolorosas. Essa mesma pessoa, quando livre das atividades condicionadas à doença, ainda é ativa, porém na condição ativa, as atividades são plenas de prazer. Similarmente, os impersonalistas planejam se livrar das atividades condicionadas da doença, mas não têm informação sobre as atividades na condição saudável. Aqueles que são liberados de verdade com conhecimento pleno aderem a ouvir sobre as atividades de Krishna; essa dedicação é uma atividade espiritual pura.
É essencial para pessoas que são liberadas de verdade ouvir sobre os passatempos de Krishna. Esse é o assunto supremo apreciado pela pessoa no estado liberado. Também, se as pessoas que tentam ser liberadas ouvirem essas narrações como o Bhagavad-gita e Srimad Bhagavatam, então seu caminho de liberação se torna muito claro. O Bhagavad-gita é o estudo preliminar do Srimad Bhagavatam. Se estudar o Gita, a pessoa se torna plenamente consciente sobre a posição do Senhor Krishna; e quando está situada nos pés de lótus de Krishna, entende as narrações sobre Krishna descritas no Srimad Bhagavatam. Por isso, o Senhor Chaitanya aconselhou Seus seguidores que seu trabalho é propagar krishna-katha.
Krishna-katha quer dizer narrações sobre Krishna. Existem dois krishna-katha: narrações faladas por Krishna, e narrações faladas sobre Krishna. O Bhagavad-gita é a narração ou a filosofia ou a ciência de Deus falada por Krishna em pessoa. O Srimad Bhagavatam é a narração sobre as atividades e os passatempos transcendentais de Krishna. Os dois são krishna-katha. O Senhor Chaitanya deu essa ordem, que krishna-katha seja propagado no mundo inteiro, porque se a alma condicionada, que sofre as dores da existência material, adotar krishna-katha, então seu caminho para a liberação será aberto e claro. O propósito de apresentar este Livro é primeiramente induzir as pessoas a entenderem Krishna ou krishna-katha, porque assim poderão se livrar do cativeiro material.
Este krishna-katha também será muito atraente para as pessoas mais materialistas porque os passatempos de Krishna com as gopis (meninas pastoras de vacas) são exatamente como os casos amorosos entre jovens rapazes e moças neste mundo material. Na verdade, a afeição sexual encontrada na sociedade humana não é artificial porque essa mesma afeição sexual existe na Personalidade de Deus original. A potência de prazer é chamada Srimati Radharani. A atração por casos amorosos com base na afeição sexual é o aspecto original da Suprema Personalidade de Deus, e nós, almas condicionadas, porque somos partes e parcelas do Supremo, também temos esses sentimentos, porém são experimentados dentro de uma condição pervertida e diminuta. Portanto, quando aqueles que buscam vida sexual neste mundo material ouvem sobre os passatempos de Krishna com as gopis, certamente saboreiam prazer transcendental, apesar de parecer materialista. A vantagem é que gradualmente vão se elevar à plataforma espiritual. O Srimad Bhagavatam afirma que se uma pessoa ouve os passatempos do Senhor Krishna com as gopis, das autoridades com submissão, então será promovida à plataforma do serviço amoroso transcendental ao Senhor, e a doença material da luxúria dentro do seu coração será completamente eliminada. Em outras palavras, combaterá a vida sexual material.
Então, será muito atraente para as almas liberadas e para as pessoas que tentam ser liberadas, e também ao materialista condicionado grosseiro. Segundo a afirmação de Maharaja Parikshit, que ouviu sobre Krishna de Shukadeva Goswami, krishna-katha é igualmente aplicável a todo ser humano, seja qual for a vida condicionada que esteja. Todos apreciarão até a magnitude mais alta. Mas Maharaja Parikshit também alertou que as pessoas simplesmente dedicadas à matança de animais e à matança delas próprias talvez não tenham muita atração por krishna-katha. Em outras palavras, pessoas ordinárias que seguem os princípios das escrituras que regulam a moral, seja qual for a condição que estejam, certamente sentirão atração, e não as pessoas que matam a si mesmas. A palavra exata usada no Srimad Bhagavatam é pashughna, que quer dizer matar animais ou matar a si próprio. Pessoas que não são auto-realizadas e que não estão interessadas na realização espiritual, na realidade, matam a si mesmas; cometem suicídio. Porque esta forma humana de vida é especialmente destinada à auto-realização, se negligenciar essa parte importante de suas atividades, a pessoa simplesmente desperdiça seu tempo como os animais. Por isso que é pashughna. O outro significado da palavra se refere àqueles que realmente matam animais. Isso quer dizer pessoas que são comedoras de animais (mesmo os comedores de cachorro), e todos que estão dedicados à matança de animais de várias formas, como caçadas, abertura de matadouros etc.. Essas pessoas podem não se interessar por krishna-katha.
O rei Parikshit estava especialmente interessado em ouvir krishna-katha porque sabia que seus ancestrais e especialmente seu avô, Arjuna, foram vitoriosos na grande batalha de Kurukshetra somente por causa de Krishna. Nós também podemos aceitar este mundo material como a batalha de Kurukshetra. Todos lutam arduamente pela existência neste campo de batalha, e há perigo em cada passo. Segundo Maharaja Parikshit, o campo de batalha de Kurukshetra era justamente como um vasto oceano cheio de animais perigosos. Seu avô Arjuna teve que lutar contra grandes heróis como Bhisma, Drona, Karna e muitos outros que não eram guerreiros ordinários. Esses guerreiros foram comparados ao peixe timingila no oceano. O peixe timingila pode engolir facilmente grandes baleias. Os grandes guerreiros no campo de batalha de Kurukshetra podiam engolir facilmente muitos e muitos Arjunas, mas simplesmente por causa da misericórdia de Krishna, Arjuna foi capaz de matar todos eles. Do mesmo modo como alguém pode atravessar sem esforço por cima de uma pequena poça de água contida na pegada de um bezerro, assim Arjuna, pela graça de Krishna, foi capaz de pular facilmente sobre o oceano da batalha de Kurukshetra.
Maharaja Parikshit apreciava muito as atividades de Krishna por muitas outras razões. Não apenas seu avô foi salvo por Krishna, mas ele próprio também foi salvo por Krishna. No fim da batalha de Kurukshetra, todos os membros da dinastia Kuru, tanto os filhos e netos do lado de Dhritarastra, quanto os que estavam no lado dos Pandavas, morreram na guerra. Exceto os cinco irmãos Pandavas, todos morreram no campo de batalha em Kurukshetra. Maharaja Parikshit nessa época estava no ventre de sua mãe. Seu pai, Abhimanyu, o filho de Arjuna, também morreu na batalha de Kurukshetra, e por isso Maharaja Parikshit foi um filho póstumo. Quando ele estava no útero de sua mãe, Asvathama lançou uma arma brahmastra para matar a criança. Então, a mãe de Maharaja Parikshit, Uttara, aproximou-se de Krishna, Krishna viu o perigo do aborto e entrou no útero dela como a Superalma e salvou Maharaja Parikshit. Outro nome de Maharaja Parikshit é Vishnurata porque ele foi salvo pelo Senhor Vishnu em pessoa quando ainda estava no útero.
Assim, todos, em qualquer condição de vida, devem se interessar em ouvir sobre Krishna e Suas atividades porque Ele é a Verdade Absoluta Suprema, a Personalidade de Deus. Ele é todo-penetrante; Ele vive dentro do coração de todos, e Ele vive em Sua forma universal. Mesmo assim, como o Bhagavad-gita descreve, Ele aparece como Ele é na sociedade humana justamente para convidar todos à Sua morada transcendental, de volta ao Lar, de volta ao Supremo. Todos devem ter interesse em saber sobre Krishna, e este Livro é apresentado com esse propósito; para que as pessoas possam saber sobre Krishna e sejam perfeitamente beneficiadas nesta forma humana de vida.
O Nono Canto do Srimad Bhagavatam descreve Sri Baladeva como filho de Rohini, uma esposa de Vasudeva. Vasudeva, o pai de Krishna, teve dezesseis esposas, e uma delas é Rohini, a mãe de Balarama. Balarama também é descrito como o filho de Devaki, então como Ele pode ser filhos das duas, Devaki e Rohini? Essa foi uma das perguntas feitas por Maharaja Parikshit para Shukadeva Goswami, e será respondida durante a narração do Livro. Maharaja Parikshit também perguntou a Shukadeva Goswami por que Krishna, logo depois de aparecer como filho de Vasudeva, foi transferido imediatamente para a casa de Nanda Maharaja em Vrindavana, Gokula. Ele também queria saber quais atividades do Senhor Krishna aconteceram quando Ele esteve em Vrindavana e quando Ele esteve em Mathura. Além disso, também estava especialmente inquisitivo para saber por que Krishna matou Seu tio materno, Kamsa. Kamsa, irmão da Sua mãe, era um superior muito íntimo de Krishna, por isso o que aconteceu para Ele matar Kamsa? Também, ele perguntou quantos anos o Senhor Krishna permaneceu na sociedade humana, quantos anos Ele reinou no reino de Dwaraka, e quantas esposas Ele aceitou lá. Um rei kshatriya geralmente está acostumado a aceitar mais do que uma esposa, por isso que Maharaja Parikshit também perguntou sobre o número de esposas. O assunto deste Livro são as respostas de Shukadeva Goswami para essas e outras perguntas feitas por Maharaja Parikshit.
A posição de Maharaja Parikshit e Shukadeva Goswami é única. Maharaja Parikshit é a pessoa certa para ouvir sobre os passatempos de Krishna, e Shukadeva Goswami é a pessoa certa para descrevê-los. Se essa combinação afortunada for possível, então krishna-katha se torna revelado imediatamente, e as pessoas podem ser beneficiadas até o grau mais elevado possível com essa conversação.
Esta narração foi apresentada por Shukadeva Goswami quando Maharaja Parikshit estava preparado para deixar seu corpo, a jejuar na beira do Ganges. Para garantir a Shukadeva Goswami que não ficaria cansado por ouvir krishna-katha, Maharaja Parikshit se expressou com muita franqueza: "Fome e sede podem perturbar pessoas ordinárias ou eu, mas os tópicos sobre Krishna são tão agradáveis que a pessoa pode continuar a ouvir sobre eles sem sentir cansaço porque essa audição situa a pessoa na posição transcendental". Devemos entender que a pessoa tem que ser muito afortunada para ouvir sobre krishna-katha seriamente, como Maharaja Parikshit. Ele estava altamente interessado nessa matéria porque esperava a morte a qualquer momento. Todos nós devemos ter consciência da morte a qualquer momento. Esta vida não tem nenhuma garantia; a pessoa pode morrer a qualquer momento. Não importa se a pessoa for jovem ou velha. Portanto, antes que a morte aconteça, temos que ser conscientes de Krishna plenamente.
Na ocasião da sua morte, o rei Parikshit ouviu o Srimad Bhagavatam de Shukadeva Goswami. Quando o rei Parikshit expressou seu desejo incansável de ouvir sobre Krishna, Shukadeva Goswami ficou muito feliz. Shukadeva é o maior de todos recitadores Bhagavatas, assim ele começou a falar sobre os passatempos de Krishna, que destroem tudo o que não é auspicioso nesta Era de Kali. Shukadeva Goswami agradeceu ao rei por seu desejo ardente de ouvir sobre Krishna, e o encorajou desta forma: "Meu querido rei, sua inteligência é muito aguçada porque está tão ávido para ouvir sobre os passatempos de Krishna". Ele informou Maharaja Parikshit que ouvir e cantar os passatempos de Krishna são tão auspiciosos que esses processos purificam as três variedades de pessoas envolvidas: aquela que recita os tópicos transcendentais de Krishna, aquela que ouve esses tópicos, e quem inquire sobre Ele. Estes passatempos são iguais às águas do Ganges que fluem do dedão do pé do Senhor Vishnu: elas purificam os três mundos; os sistemas planetários superior, intermediário e inferior.




Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga

Sri Chaitanya Shikshamritam
(http://www.nitaigaura.xpg.com.br/xikxa01.html)
de
Srila Bhaktivinoda Thakur Prabhupada

Processo de Nama-Bhajan
(Capítulo 6)
 A consciência sobre a característica da verdade transcendental constitui Swarupa-Siddhi. É o conhecimento sobre a verdadeira relação. Quando surge o conhecimento sobre relação, obtém-se Abhidheya na forma do cultivo de Prema e Prayojana, i.e. necessidade de Prema. O Chit-Dhama de Krishna, Chit-Lila de Krishna estão todos inclusos em Prema Tattva, que é a verdade da necessidade. No Prasna Upanishad, decide-se sobre Bhajan do Nome de Deus. O Nome Divino é afirmado como eternamente verdadeiro. O Nome de Krishna é aceito como Sua Manifestação neste mundo. Apesar de Nama consistir de uma combinação de letras, ainda assim é uma Manifestação especial de Krishna. Segundo o fato de que não há distinção entre Nama e Swarupa, Sri Krishna descendeu de Goloka-Vrindavana assumindo a forma de Nama. Assim o Nome de Krishna é a primeira informação com Ele. O Jiva deve portanto aceitar Seu Nama, se desejar obter Krishna. Sri Gopal-Guru Goswami, um dos discípulos mais queridos de Sri Swarupa Damodara Goswami, citou o Agni Purana em seu Harinamamrita-nirnaya, que diz, se alguém pronunciar "Hare Krishna Hare Krishna Krishna Krishna Hare Hare" mesmo sem querer, não há dúvida de que vai obter seu objetivo desejado. O Brahmanda Purana diz, se alguém recitar "Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare", vai se livrar de todos os pecados. O maior pregador de Harinama e coletor de Seus dados relevantes é Sri Krishna Chaitanya Mahaprabhu. As palavras Hare Krishna que saem de Seus lábios inundaram o mundo com o vasto oceano de Prema. Sriman Mahaprabhu instruiu as pessoas para adotarem o rosário de Nama:
Hare Krishna Hare Krishna Krishna Krishna Hare Hare
Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare
que consiste de dezesseis palavras e trinta e duas letras [em Devanagari]. Tudo isto está descrito no Sri Chaitanya Charitamrita e Sri Chaitanya Bhagavata. Sri Gopal-Guru Goswami explicou o significado desses Nomes da seguinte forma:
"Por meio da pronúncia de Hari, remove-se todos os pecados das pessoas de mentalidade pecaminosa. Quando se toca no fogo sem saber, vai se queimar. Quando se pronuncia Harinama, exibe-se a verdade de Deus como "Chit-Ghana-Ananda", i.e. personificação da bem-aventurança sensível eterna e extingue-se "Avidya" que é a raiz do mal. Por isso, chama-se Harinama, ou é Harinama porque expulsa os três tipos de sofrimento de todos os seres sensíveis e insensíveis, ou porque cativa a mente de todo o mundo por meio do ouvir e cantar de Suas boas qualidades transcendentais inerentes, ou porque rouba a mente das pessoas e de todos os Avataras pois sua doçura transcende à doçura e beleza de uma infinidade de cupidos do amor. "Hare" é caso indicativo do termo Hari, ou segundo o Brahmasamhita, Aquela que pode roubar a mente de Hari por causa de Seu amor e afeição inigualáveis se chama "Hara", e se aplica somente à Srimati Radhika, filha do rei Vrishabhanu, e no caso vocativo Ela é "Hare".
Segundo o Agama Shastra, o significado de Krishna é Quem atrai ou Quem cativa. Krishna é derivado da raiz "Krish", i.e. atrair, e com a aplicação do sufixo "Na", indica bem-aventurança suprema. Portanto, Ele é o Grande Atraente, Ele é o Brahman Supremo e a personificação da bem-aventurança eterna. Krishna no caso indicativo é Krishna. Shiva diz no Agama: "Ó deusa! Todos os pecados são retirados com a pronúncia de "Ra", e "Ma" é uma porta fechada que previne a entrada do pecado novamente". Este é o significado de "Rama". Os Puranas também afirmam: "O significado de "Rama" é Aquele que é o Deus do Lila amoroso conjugal e que está sempre ocupado em diversões amorosas com Sua companheira eterna Sri Radha". Portanto, "Rama" indica somente Krishna e ninguém mais. Mostraremos a implicação de cada Nome no curso da discussão sobre Nama-Bhajan.
Os devotos que estão no estágio ascendente de Prema cantam e memorizam séries de "Hare Krishna Nama" fazendo a contagem em contas. Durante a hora do cantar e memorizar, eles cultivam constantemente o Swarupa transcendental, pois sabem o significado do Nama. No curso do cultivo constante, todo o mal é removido bem depressa e o coração se torna puro. Por meio do recitar do semblante de Harinama e da ponderação constante sobre o Seu significado, o Nama transcendental vai aparecer naturalmente no coração puro deles.


Uma explicação sobre Deus de Srila Bhaktivinoda Thakura Prabhupada, também extraída do Sri Chaitanya Shikshamritam, Capítulo 1:
Apresentação Geral de Paramartha-Dharma
Três tipos de coisas são percebidas neste mundo. Deus, os seres vivos e os objetos materiais. Tudo aquilo que não possui o poder de vontade é um objeto material. Terra, pedra, fogo, ar, céu, casa, madeira, milho, pano, corpo, etc. não têm vontade (desejo), por isso são denominados matéria. Animais, pássaros, vermes, insetos, possuem sensibilidade, e os poderes de pensar e volição. Nenhum ser sensível tem a capacidade de pensar e vontade no mesmo nível que o homem. Por esse motivo, o homem é tido por alguns como o líder de todas as coisas animadas e inanimadas. Deus é o criador de todos os seres animados e inanimados. Não podemos vê-Lo porque Ele não tem um corpo material. Ele é o ser pleno e perfeito com sensibilidade pura. Ele é o nosso Criador, Mantenedor e Controlador. Obtemos bem-estar ou desgraça de acordo com o Seu desejo. Ele eternamente é o Rei Supremo em Vaikuntha (região além deste mundo e do céu). Ele é o Senhor de todos os senhores, e o universo funciona de acordo com Sua Vontade.
Deus não tem aparência grosseira como a dos corpos materiais, por isso não podemos percebê-Lo com nossos sentidos. Por esse motivo, os Vedas [escrituras reveladas] O chamaram de sem-forma. Cada coisa possui sua natureza essencial, Deus também tem a Dele. Essa natureza é material para os objetos materiais e sensível para os seres sensíveis. Embora sejamos seres sensíveis, fomos providos com corpos materiais, e nossa natureza sensível fica escondida sob a cobertura da natureza material. Mas Deus é Sensibilidade Pura. Ele não tem outra natureza além de Sua Natureza Sensível. Essa Natureza Sensível é Sua Forma. Podemos ver essa Forma somente com nossos olhos sensíveis, isto é, os olhos da devoção , e não com os olhos materiais.
Alguns homens desafortunados não acreditam em Deus, seus olhos sensíveis estão totalmente fechados. Não sendo capazes de verem a forma de Deus com seus olhos materiais, concluem que não há nenhum Deus. Do mesmo modo como cegos de nascença não podem perceber a luz do sol, os ateus não são capazes de acreditar em Deus. Por natureza, todo homem acredita em Deus. Somente aqueles que aprendem discussões desleais com idéias tolas de más companhias, gradualmente se tornam vítimas do controle de procedimentos errados e não reconhecem a existência de Deus. Eles são os únicos perdedores, que mal há para Deus devido à descrença deles!
Quando falamos sobre a região de Vaikuntha (mundo espiritual), não devemos concebê-la como um lugar material. Locais como Madras, Bombaim, Cashmere, Calcutá, Londres, Paris etc. são materiais (terrestres). Temos que atravessar vários países e regiões para ir até eles, o que leva muito tempo através de navios ou de trens. Também temos que mover nossos corpos materiais para esse propósito. Mas em Vaikuntha não é assim. É uma região além de todo o mundo material. Ela é Chit (sensível, não material), eterna (imutável) e perfeita (sem falhas). Não pode ser percebida, por estes olhos, nem concebida por esta mente.
Há quatro motivos para que homens em diferentes condições de vida, tentem assegurar o prazer Divino. Eles são: medo, esperança, senso de dever, ou apego. Os estimulados pelo medo, adoram a Deus por temerem o inferno, domínio econômico, doenças e a morte. Os impulsionados pela esperança, servem a Deus com preces para obterem prazeres mundanos e melhoria das condições de suas vidas mundanas. O serviço a Deus produz muita bem-aventurança, por isso, muitos que estão ocupados nesse serviço devido ao medo ou à esperança, após algum tempo, abandonam esse medo ou esperança e ficam apegados à devoção pura. Há outros que adoram o Criador, com sentimento de gratidão, devido ao apego. A preferência que faz a mente ir em direção a alguma coisa assim que a vê, sem nenhuma deliberação a respeito, é chamada apego. Quando essa preferência surge na mente de alguém por estar meditando em Deus, significa que ele serve a Deus sob influência do apego. O serviço a Deus não é tão puro nos casos sob influência de medo, esperança ou sentimento de dever. Os verdadeiros servos devotados são aqueles ocupados no serviço a Deus através do caminho da devoção pura.
O Senhor Supremo vive nessa Morada Transcendental. Se conseguirmos agradá-Lo através do serviço, seremos levados a esse Mundo Divino, e eternamente desfrutaremos do Serviço Bem-aventurado a Ele. No mundo mundano a felicidade não é permanente, mas sim, altamente efêmera, como bolhas na água. Para falar a verdade, tudo na Terra é cheio de sofrimento. O próprio nascimento já é muito doloroso. Após o nascimento temos que trabalhar para o sustento do corpo, o que também é um sofrimento. Além do mais, o corpo é um reservatório de todos os tipos de doenças. Somos sujeitos às estações do ano, como inverno e verão, temos que nos submeter a algum trabalho físico para nos protegermos delas. Para conseguir riqueza é necessário trabalho árduo. Há muitos problemas na formação de um lar. A vida matrimonial é aparentemente feliz e promissora, mas quando surgem filhos, os problemas vêm um após o outro. Na velhice tudo se torna vazio. Não só isso, vida em comunidade sempre produz muitas intrigas. Considerando tudo isso, chegamos à conclusão de que não existe verdadeira felicidade no Samsara [ciclo da vida material - repetidos nascimento-velhice-doença-morte]. Obter alívio temporário dos sofrimentos e pesares é considerado como felicidade aqui neste mundo. O fato é que a vida no Samsara é cheia de problemas, se conseguirmos alcançar Vaikuntha Dhama, a Morada do Senhor Supremo, não haverá mais Sukha [felicidade mundana] Dukha [sofrimento], lá desfruta-se eternamente da Bem-aventurança Perene. Por isso, nosso dever sagrado é servir ao Senhor.
Ao obter o conhecimento da Verdade, a partir desse mesmo dia, devemos ir atrás do serviço ao Senhor Supremo, que é o verdadeiro propósito da vida. Geralmente, a mentalidade é a seguinte: vamos desfrutar do mundo, e quando ficar velho, aí é que procuraremos servir ao Senhor Supremo. Maldição! Perdemos o Objetivo de nossas vidas! O tempo é precioso. Por isso, no dia em que sabemos da Verdade, a partir desse mesmo momento, devemos nos esforçar para conseguir o Objeto. Obter nascimento como um ser humano é um feito extremamente raro, e mais ainda, a morte é imprevisível, podemos encontrá-la a qualquer momento.
É errado pensar que durante a infância não se pode servir ao Senhor. A História mostra que Druva e Prahlada adoraram o Senhor na infância, e O encontraram pessoalmente, sendo assim abençoados. Se eles conseguiram isso, por que outros também não podem? Não deve haver nenhuma dúvida a esse respeito. Tudo aquilo que praticamos na infância, acaba sendo a natureza de nossa vida.
Há uma profunda relação entre Jiva e Deus, que pode ser percebida com o alvorecer do apego amoroso. Apesar dessa relação ser eterna, ela permanece oculta nos Jivas presos à matéria. Ela se revela sempre que tem uma oportunidade. Do mesmo modo como o fogo surge quando riscamos um fósforo ou uma pedra de isqueiro, através do Sadhana (prática de métodos adequados) essa relação desperta, e oferece serviço a Deus através de medo, esperança, ou sentimento de dever. Druva serviu a Deus, primeiramente, com esperança de conseguir um reino, mas quando despertou o apego amoroso através da prática, devido à relação sagrada, não aceitou mais benefícios para desfrute mundano.
Entretanto, medo e esperança são desprezíveis. Quando um praticante incrementa sua sensibilidade, abandona o medo e a esperança, e o sentimento de dever se torna sua única base. Ele não abandona o sentimento de dever, até que haja o despertar do apego amoroso a Deus. O sentimento de dever produz a confirmação sobre o apego amoroso a Deus. O sentimento de dever produz a confirmação sobre os mandamentos das escrituras e a rejeição a atos proibidos. Os procedimentos para serviço a Deus, que grandes sábios do passado escreveram nas escrituras após deliberações, são conhecidos como regras ou mandamentos. O honrar das regras e mandamentos escriturais cresce pelo gerenciamento do sentimento de dever.
Através de uma consideração cuidadosa sobre os fatos históricos dos povos de diferentes países e continentes, será evidente que a fé em Deus é naturalmente comum entre os homens. Tribos selvagens se sustentam com a carne de animais, mesmo assim, adoram o Sol e a Lua, montanhas e rios, ou grandes árvores, pois acreditam que são os supridores de suas necessidades, e seus controladores. Qual o motivo disso? A natureza da sensibilidade do Jiva, embora profundamente presa à matéria, mostra sinais de suas características, como na forma da fé divina em qualquer grau que seja, isso é perfeitamente percebido se a sensibilidade não estiver muito coberta. Somente depois de alcançar o status de civilização, através do cultivo de vários tipos de conhecimento, é que o homem encobre a fé com raciocínios errôneos, e se apega mentalmente ao ateísmo, ou a alguma doutrina de aniquilação como o monismo absoluto. Devemos concluir que tal mentalidade absurda é sintoma da condição doentia da sensibilidade debilitada. Existem três estágios intermediários, que se percebem na vida humana, entre o totalmente incivilizado e aquele possuidor de uma ótima fé em Deus. É nesses três estágios que as doenças do ateísmo, cepticismo, niilismo etc. obstruem o progresso gradual do Jiva e conduzem alguns homens a posições muito rudes. Os que sofrem essas doenças permanecem confinados nessa situação e não obtêm competência para se elevarem a formas de vida superiores. Não é sempre que todos os homens nesses estágios sofrem o ataque dessas doenças. O progresso gradual natural da humanidade faz com que tribos incivilizadas, através da civilização, moralidade e educação, adotem o Varnashrama-Dharma (procedimentos para as quatro classes e ordens principais da vida social) e assim se tornem devotos, através da prática de devoção a Deus. Por outro lado, quando aparecem obstáculos na forma dessas doenças, surge uma condição de vida muito artificial.
Os homens em diferentes países e continentes adquiriram naturezas distintas. A natureza humana original é a mesma em qualquer lugar. As naturezas secundárias são diferentes.
Embora a natureza principal seja a mesma, ainda assim, não encontraremos dois seres humanos que tenham naturezas secundárias iguais em todos os sentidos. Como é que homens nascidos em países distintos têm a mesma natureza, ao passo que dois irmãos de uma mesma mãe são diferentes em aparência e natureza, nunca iguais em todos aspectos? As águas, atmosfera, cordilheiras, florestas, alimentos e vestimentas são todos diferentes em diversos países. Devido a isso, a estrutura corpórea, cor da pele, hábitos, roupas e comidas originais de cada país se tornaram diferentes, de acordo, com as diferentes naturezas desenvolvidas em compatibilidade com os respectivos ambientes. A condição mental também é diferente em cada país em particular. As inclinações em relação a Deus, incluídas aí, embora iguais em princípio, tornam-se diferentes por causa das distinções de linguagem, vestimentas, alimentos, temperamentos etc.. Essas diferenças secundárias não causam nenhum dano quando consideradas sob um ponto de vista imparcial. Não há nada de errado na hora da realização, se existir unidade em relação ao objeto de adoração principal. Portanto, o Senhor Chaitanya Mahaprabhu ordenou que adoremos a Deus, que é essencialmente Sattva Puro (plenamente livre de qualquer toque material), e não caluniemos os sistemas de outros adoradores.
Devido às razões acima, nota-se as seguintes diferenças nas diversas religiões promulgadas por homens em países distintos: 1) os Acharyas [mestres espirituais] ou preceptores, 2) preferências mentais e conceitos, e dos adoradores, 3) os sistemas de adoração, 4) conceitos e atos convencionais em relação ao objeto de adoração, e 5) nomes e palavras de acordo com os diversos idiomas.
Sobre a diferença referente aos preceptores, Rishis, ou sábios em alguns países (como o nosso), ou profetas como Maomé em outros, ou ainda grandes almas como Jesus em outros, e muitos eruditos de vários países têm sido recipientes de reverências especiais e honra. É dever sagrado das pessoas em seus países respectivos, veneram corretamente seus Acharyas. Mas não é certo propagar insistentemente controvérsias sobre a superioridade dos Acharyas de seu país em relação aos de outro, embora possa cultivar tal crença, a fim de adquirir firmeza em sua fé. Essas desavenças não trarão nenhum benefício para a humanidade.
Sobre as preferências mentais e conceitos dos adoradores respectivos, a adoração em alguns países é feita pelo processo de sentar-se em assentos adequados, manter as mãos e dedos em posições específicas, controlar a respiração num certo modo, etc., noutros, pelo processo de usar vestes soltas, e de forma alternada levantar e cair ao chão cinco vezes por dia, com a face voltada para o templo principal de adoração de acordo com a fé em particular; ainda em outros países, através de se ajoelhar com mãos postas, em casa ou em locais públicos de adoração, oferecendo preces com humildade e pronunciando orações ao Senhor. Nestes, existem várias especializações regionais em matéria de vestimentas para a adoração, comestíveis, comportamento, santidade, tipos de profanações, etc.. Ao observar os modos de adoração prevalecentes em regiões distintas, suas diferenças serão notadas claramente.
As diferenças são singulares entre os conceitos e atos convencionais em relação ao objeto de adoração nas diversas regiões. Uns têm os corações cheios de devoção, Figuras e Imagens de Deus concebidas na alma, na mente e no mundo, as quais adoram com a percepção interna de que sendo mais inclinados à razão, concebem Deus mentalmente, e O adoram assim, não admitindo nenhuma imagem ou figura. Na realidade, as figuras são as mesmas de uma forma ou de outra.
Sobre as diferenças de linguagem, alguns dão certos nomes a Deus e denominam sua religião diferentemente, usando palavras distintas na hora da adoração.
Devido a essas cinco diferenças, as diversas religiões do mundo produziram uma grande desunião, a qual é bem natural. Mas o que não é direito são as desavenças e brigas causadas por essa desunião, que fazem um grande mal para a humanidade. Se acontecer de estarmos presentes nos locais de adoração de outra religião, no ato da adoração, devemos ter uma atitude respeitosa, com a seguinte mentalidade: "Aqui está sendo adorada minha Entidade Suprema adorável (Deus numa forma diferente da minha). Por ser uma prática diferente da minha, não posso compreendê-la plenamente, mas por observar, sinto um maior apego pelo meu sistema. A Entidade Suprema (i.e., Deus) não é mais que uma. Prostro-me com reverência perante Sua imagem, como estou vendo aqui, e oro ao Senhor que adotou esse aspecto diferente, para que incremente meu amor por Ele, na forma aceita por mim". (Vide as preces de Sri Hanuman que afirmam Sri Ramachandra como seu Senhor exclusivo, embora ontologicamente não haja diferença entre Ramachandra e Sri Narayana).
Aqueles que não agem dessa forma e caluniam os sistemas diferentes, com sentimentos de inveja, ódio ou malícia, são altamente tolos e lamentáveis. Eles não têm amor pelo seu objeto de busca, tanto quanto têm por desavenças e brigas inúteis.
Só há uma ressalva sobre esse ponto. É lamentável caluniar processos diferentes de adoração, mas quando existem falhas reais, elas nunca devem ser respeitadas , muito pelo contrário, é benéfico para os Jivas, tomarem providências para erradicá-las de forma concreta. Foi por isso que Sri Chaitanya Mahaprabhu argumentou com Budistas, Jainistas e professores da não-distinção, e os fez adotar o caminho adequado. O comportamento do Senhor deve ser modelo para Seus devotos.
As religiões onde prevalecem os males do ateísmo, cepticismo, materialismo, negação da alma, como epicurismo, panteísmo, politeísmo e monismo da não-distinção, não devem ser consideradas pelos devotos. Devem ser vistas como anti-religiões, pseudo-religiões e religiões falsas. Seus seguidores são muito desafortunados. Os Jivas devem tentar se proteger ao máximo contra esses males. Amor puro é a virtude eterna dos Jivas. Mesmo se apresentar essas cinco diferenças, uma religião é verdadeira, se o seu objetivo for a obtenção do amor puro por Deus. Não é direito brigar sobre diferenças externas. Se o objetivo for o amor puro, então todas as outras circunstâncias dessa religião devem ser aceitas como adequadas. As doutrinas do ateísmo etc., citadas acima, não são naturais, e são antagônicas ao amor.
O amor por Krishna é que considera-se como puro, amor imaculado. A natureza do amor exige que ele se abrigue em alguma entidade (Ashraya) e aceite outra entidade como seu objeto (Vishaya). Não pode existir amor sem Ashraya e Vishaya. O coração do Jiva é o Ashraya do amor. E somente Krishna é o Vishaya do amor. Quando o amor imaculado surge em sua plenitude, faz com que o caráter da entidade adorável, por meio do Brahman, Ishvara e Narayana, culmine em Sri Krishna. O néctar do caráter de Sri Krishna tratado no Srimad Bhagavatam, a jóia suprema de todas as escrituras, é a verdade obtida pelo grandioso sábio, Srila Vyasadeva, no seu Samadhi ou meditação profunda, com controle dos sentidos e concentração da mente na contemplação de Deus. Srila Vyasadeva teve o Bhakti-samadhi [vivência devocional de Deus] inato, ao ser aconselhado por Sri Narada, o sábio celestial, e viu a Natureza Plena de Sri Krishna. Ele narrou o caráter da Entidade Suprema, Sri Krishna, através do qual gera-se a devoção amorosa a Ele nos Jivas, e acaba-se com todas suas aflições, distrações e temores. Os Jivas obtêm dois tipos de concepção, de acordo com suas respectivas competências, quando estudam ou ouvem sobre o Caráter de Sri Krishna: elas são conhecidas como Vidvat-Pratiti (concepção pelo saber) e Avidvat-Pratiti (concepção pelo que não é verdadeiro saber). O caráter de Sri Krishna é visível aos olhos mundanos durante Sua existência no mundo, mesmo assim, causa Vidvat-Pratiti nos verdadeiros sábios e Avidvat-Pratiti em homens de mentalidade material. Quem desejar entender plenamente esses dois tópicos deve procurar o Sat-samdarbha (de Sri Jiva Goswami), o Bhagavatamritam (de Sri Sanatana Goswami e Sri Rupa Goswami), ou o Sri Krishna-samhita [do próprio autor, Srila Bhaktivinoda Thakur], para um estudo cuidadoso sob a guia de professores competentes. Seria impraticável tratar sobre eles aqui neste livro. Em resumo, pode-se dizer que a concepção com a ajuda de Vidhya-shakti (poder verdadeiro do saber) é Vidvat-Pratiti, e com a ajuda de Avidya é Avidvat-Pratiti.
Todas controvérsias que surgem sobre o Caráter de Sri Krishna são devidas a Avidvat-Pratiti, enquanto que nenhuma surge por causa de Vidvat-Pratiti. Quem desejar obter a verdadeira bênção espiritual, deve imediatamente adquirir Vidvat-Pratiti. Qual a necessidade de perder o verdadeiro interesse pessoal, por causa de discussões controvertidas sobre Avidvat-Pratiti.?
A partir daqui, vamos dar orientações sobre Vidvat-Pratiti. Vidvat-Pratiti só é possível para aqueles capazes de ultrapassar o pensamento sobre a matéria, e entendem o que é Chit, isto é, sensível ou supra-material. Eles enxergam a Beleza de Krishna com seus olhos-Chit, ouvem as descrições de Seus Passatempos com seus ouvidos-Chit, saboreiam-No em todos aspectos com sua Chit-Rasa (faculdade supra-material de saborear). Todos passatempos de Sri Krishna são Aprakrita (transcendentais) e além do âmbito da matéria. Krishna pode se tornar Objeto da visão material por Sua potência inconcebível, mas os olhos e outros órgãos materiais não podem naturalmente recebê-Lo em seu campo de percepção. Os passatempos de Deus que ficam ao alcance dos órgãos dos sentidos durante Seu período de estadia neste mundo, também, não podem produzir o fruto da visão etc. de Deus, a menos que o observador tenha obtido Vidvat-Pratiti. O fato é que geralmente só Avidvat-Pratiti está disponível. Muitos pensam que a Entidade de Krishna não é eterna, devido a Avidvat-Pratiti, assim imaginam o nascimento, o crescimento, a degeneração etc. do corpo de Sri Krishna. Por causa de sua Avidvat-Pratiti, o estado Nirvishesha (não-distinção) parece ser real, e o de Savishesha (distinção), parece material ou mundano. Assim, ao pensarem que há distinção na Entidade de Krishna, decidem que é mundana. Não é função da faculdade da razão averiguar o que é a Entidade Suprema. Como o poder humano da razão, que é limitado, será capaz de agir a respeito da Entidade Ilimitada? Conseqüentemente, só se pode conhecer e vivenciar (saborear) a Entidade Suprema por meio da faculdade de Bhakti (devoção), que está latente nos Jivas. O que denominamos como Nirmala-Prema (amor puro imaculado), chama-se Bhakti em seu estado preliminar. Vidvat-Pratiti não surge sem a graça de Sri Krishna, e por Sua graça, Vidvat-Shakti [poder do verdadeiro saber] se torna ajudante dos Jivas.
Entre todas concepções sobre a Entidade Suprema prevalecentes no mundo, a única adequada para Vimala-Prema é aquela sobre a Natureza de Sri Krishna. As concepções sobre Alá, encontradas nas escrituras Muçulmanas, não são adequadas para aplicação em Vimala-Prema. Até mesmo Seu amigo mais querido, o Payagambara (Profeta), não é capaz de encontrar Sua Natureza, visto que a Entidade Adorável mantém uma distância de Seu adorador devido à Sua Majestade, mesmo que Se dispondo amigavelmente. Deus concebido na religião Cristã, também Se mantém longe do adorador, que dizer então sobre Brahman. Sri Narayana também não é acessível ao livre amor dos Jivas. O único Objeto para Vimala-Prema direto (vide Bhakti-rasamrita-sindhu 1.1.11) está presente em Vraja (Vrindavan, etc.) da natureza Chit (transcendental).
A Dhama (região) de Krishna é repleta de bem-aventurança. Embora a majestade exista em sua totalidade, ela não tem predominância. Lá, tudo é pleno de doçura e bem-aventurança por natureza. A riqueza consiste de frutas, flores e galhos. Os únicos súditos são o rebanho bovino, os meninos pastores de vacas são os amigos, as meninas pastoras de vacas são as companheiras, a alimentação consiste de leite, manteiga e coalhada. Todas as florestas e bosques estão saturadas de amor por Krishna. O rio Yamuna ocupa-se no serviço a Krishna, e toda a natureza O serve. A Entidade que é recipiente de veneração e adoração como Para-Brahman em qualquer outra parte, é a única Riqueza da vida nessa região, e em algumas vezes é igual ao adorador, e em outras, inferior ao adorador. Se não fosse assim, como é que o insignificante Jiva pode fazer amor com a Entidade Suprema? Ele é altamente esportivo, Mestre do desejo, e intensamente deseja o Vimala-Prema dos Jivas. Ele é o Senhor por Natureza, será que Ele anseia pelo amor das pessoas, ou obtém prazer em satisfazer-Se com a adoração delas? Sri Krishna, que é a fonte da mais primorosa e saborosa doçura excelente da esportividade, obtém bem-aventurança na Vrindavan transcendental, ao admitir Sua igualdade e inferioridade em relação aos Jivas, que são o receptáculo de tal doçura saborosa, ao manter toda Sua majestade oculta sob Sua encantadora doce suavidade. Para aqueles que determinaram como objeto de suas buscas o puro e imaculado amor em sua plenitude, quem mais além de Sri Krishna pode ser o Vishaya desse amor? Embora, termos como Krishna, Vrindavan, Gopa, Gopi, Yamuna, Kudamva-salumva etc. possam não ser citados em algumas partes, devido a diferenças lingüísticas, ainda assim, os termos que se usam para nomes, regiões, e tudo necessário que se usa para os denominar terá de ser admitido pelos cultivadores do amor puro. Portanto, não há outro Vishaya para o amor puro além de Sri Krishna.
Se a tendência ao apego de Raga puro ainda não despertou, o praticante deve se devotar a Krishna por sentimento de dever , e adotar os Vidhis (observação das injunções e proibições ordenadas nos Shastras) principais e secundários. Se considerarmos com profundas deliberações, veremos que existem apenas dois caminhos para cultivar amor por Krishna, isto é, Vidhi e Raga. Raga é raro, e quando surge, Vidhi não se aplica mais ao cultivador. O dever principal dos seres humanos é estar sob a direção de Vidhi até que Raga seja gerado. É por esse motivo que os Shastras mencionam dois caminhos, ou seja, o caminho de Vidhi e o caminho de Raga. O caminho de Raga é bem auto-suficiente, por isso não existem regras. Somente pessoas extraordinariamente afortunadas e altamente competentes é que são capazes de andar nesse caminho. Por esse motivo, somente as regras para o caminho de Vidhi é que foram estabelecidas sistematicamente.
Até mesmo aqueles que desafortunadamente negam a existência de Deus, formulam alguns "Vidhis" ou regras para o gerenciamento dos meios de subsistência e preservação da vida. Esses "Vidhis" são chamados de moralidade ou regras morais. A moralidade que não possui nenhum sistema estabelecido para meditação em Deus, mesmo que seja muito boa em outros aspectos, não é adequada para o propósito de tornar a vida humana frutífera e eficaz. Ela é uma moralidade aversa, ao avesso. A moralidade pode ser aceita como Vidhi para a vida humana, quando for dotada de sistemas para a fé em Deus e para a execução de deveres para Ele.
Há dois tipos de Vidhis: Mukhya (principal ou primário) e Gauna (subordinado ou secundário). O desempenho para o prazer de Deus é o único objetivo de nossas vidas, portanto, o "Vidhi" que se destina a isso, diretamente (sem nenhuma intervenção), é chamado de "Mukhya-Vidhi". E o "Vidhi" com o mesmo objetivo, mas com algumas intervenções, é o Gauna. Isso será mais claro com um exemplo. Banhar-se de manhã é um "Vidhi". A mente se acalma, quando o corpo se refresca e fica livre de doenças, com o banho matinal. A adoração a Deus só é possível quando a mente está tranqüila. Nesse caso, a adoração a Deus que é o objetivo da vida, não está sem intervenções, pois o efeito direto (sem intervenções) do banho é o frescor do corpo. Se o fruto final desse Vidhi for aceito como refrescar o corpo, então a adoração a Deus não será obtida como seu fruto. Quando houverem outros frutos entre o fruto da adoração a Deus e o "Vidhi" do banho, esses outros frutos serão fatores de intervenção. Quando há intervenções, existe uma grande chance de surgirem obstáculos.
O fruto direto de Mukhya-Vidhi é Upasana (adoração) a Deus. Não há frutos intermediários entre esse Vidhi e o Upasana. O cantar dos Nomes e Glórias de Hari [Deus], ou o ouvir sobre eles, podem ser chamados de Mukhya-Vidhi, pois o fruto direto desses Vidhis é Upasana a Deus. Entretanto, se os Gauna-Vidhis não forem adotados, mesmo que Hari-Bhakti esteja sempre presente na mente, a característica normal de Gauna-Vidhi é a garantia para que a alma tenha capacidade para beber o néctar dos Pés de Deus sem pretensões, e incluir dentro de si toda educação secular, arte, indústria, civilização, ordem metódica, perseverança, e as regras de moralidade físicas, mentais e sociais. Na verdade, seguindo Mukhya-Vidhi e com graça, a vida humana se torna plena de bem-aventurança, com o néctar dos Pés de Deus, tanto no período de prática como no período de frutificação.
Existem diferentes categorias de vida humana. Tais como, 1) os que vivem em florestas, 2) os que vivem em sociedade, 3) os que vivem com amenidades científicas, 4) os que são idealistas, mas ateus, 5) os que são realistas e têm fé em Deus, 6) os que levam uma vida devocional, e seguem estritamente as injunções dos Shastras, e 7) os que são devotos Premika, devotos místicos de Deus. É um fato que aqueles nascidos como seres humanos e não possuem fé em Deus, não são genuinamente seres humanos no verdadeiro sentido. Quem não tem fé autêntica em Deus, mesmo que seja muito culto, ou possua todas as amenidades científicas, e seja um grande idealista, ainda assim, ele não pode ser superior a um animal, pois não pode controlar suas propensões animais. O ser humano deve conduzir a vida com fé em Deus e seguir os ditos do Shastra. Por isso, neste livro, nós começamos a narração a partir da vida do ser humano que acredita em Deus, e conduz a vida de acordo com as injunções dos Shastras. O que entendemos como cultura, é a vida de quem acredita em Deus, e sob essa óptica, valoriza as amenidades científicas e os pontos de vista idealistas. Quando tal modo de vida for ultimamente conduzido para a devoção pura ao Senhor Supremo, será o mais elevado prospeto de vida - esses serão os assuntos tratados neste livro. A vida do ser humano deve ser dotada espiritualmente. A característica principal e essência da vida é Dharma. Dharma é dividido em dois, principal e secundário. Quando a alma estiver iluminada e dotada com a bem-aventurança divina, de acordo com a sabedoria intuitiva, a pessoa levará uma vida de devoção, e essa é a verdadeira religião, ou Jaiva Dharma (religião da alma). A religião secundária é aquela onde ainda há influência das três qualidades de Maya [energia ilusória]. Quando a pessoa transcende o Guna [qualidade] triplo de Maya, somente assim, ela cultivará Jaiva Dharma, ou a religião da alma. Na religião secundária, deve-se saber o que é Punya [virtude] e Papa [pecado]. Por outro lado, quando o amor governa o coração, o devoto nunca comete pecado, nem aspira por qualquer virtude, mas presta devoção imaculada a Bhagavan [Deus] somente.
No primeiro estágio discutiremos religião secundária, e finalmente abordaremos Prema-Bhakti.
Neste primeiro capítulo sobre divindade, primeiro usamos a palavra Ishvara [Controlador], depois Bhagavan [Fonte das Opulências], e finalmente Krishna. Mas os leitores não devem pensar que Ishvara é diferente de Bhagavan, e Bhagavan é diferente de Krishna, e assim por diante. Krishna é a única realidade, e o Objeto de adoração de todas as almas liberadas. Krishna é a manifestação final da Realidade Suprema. O senhor da Beatitude. Em geral, quando Krishna é usado para se referir à Realidade, preferimos usar a palavra Ishvara. Neste capítulo em particular abordamos a criação, por isso usamos a palavra Ishvara em vez de Krishna, e queremos dizer que Ishvara é o Supremo Controlador. Além do mais, sempre que são discutidos assuntos espirituais, geralmente são usados os três termos Chit, Achit e Ishvara.

http://www.nitaigaura.xpg.com.br/hare_krishna.html

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