Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga
"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções")
de
Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada Paramahamsa Thakura Mahashaya |
Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga
"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções")
de
Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada Paramahamsa Thakura Mahashaya
A meu pai, Gour Mohon De (1849-1930)
Um devoto puro de Krishna, que me criou como um filho
consciente de Krishna desde o início da minha vida. Durante meus tempos de
infância, ele me ensinou a tocar mridanga. Ele me deu Radha-Krishna
Vigraha para adorar, e me deu um carro Jagannatha-Ratha para festejar
corretamente o festival como minha brincadeira de criança. Ele era muito bom
comigo, e eu absorvi dele as idéias que mais tarde foram solidificadas por meu
mestre espiritual, o pai eterno.
|
Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga
"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções")
de
Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada Paramahamsa Thakura Mahashaya
Apresentação
de George Harrison
("Palavras da Apple")
Todos procuram por KRISHNA.
Alguns não percebem que estão, mas estão sim.
KRISHNA é DEUS, a Fonte de tudo que existe, a Causa de tudo que
existe, ou que venha a existir.
Porque DEUS é ilimitado, ELE possui muitos Nomes.
Alá, Buddha, Jeová, Rama: Todos são KRISHNA, todos são o MESMO.
Deus não é abstrato; Ele possui os dois aspectos impessoal e
pessoal na Sua personalidade que é SUPREMA, ETERNA, BEM-AVENTURADA, e plena de
CONHECIMENTO.
Do mesmo modo como uma única gota de água tem as mesmas
qualidades de um oceano de água, nossa consciência possui as qualidades da
consciência de Deus... mas por causa de nossa identificação e apego com a
energia material (corpo físico, prazeres sensuais, posses materiais, ego etc.)
nossa verdadeira CONSCIÊNCIA TRANSCENDENTAL ficou poluída, e igual a um espelho
sujo que não pode refletir a imagem pura.
Com muitas vidas, nossa associação com o TEMPORÁRIO cresceu.
Este corpo impermanente, um saco de ossos e carne, é confundido com nosso
verdadeiro eu, e aceitamos esta condição temporária como definitiva.
Através de todas as eras, grandes SANTOS permaneceram como prova
viva de que este estado não temporário, permanente da CONSCIÊNCIA DE DEUS pode
ser revivido em todos Seres viventes. Cada alma é potencialmente divina.
Krishna afirma no Bhagavad-gita: "Fixo no Eu, livre de
toda contaminação material, o yogi alcança o estágio de perfeição mais
elevado de felicidade em contato com a Consciência Suprema" (Bg. 6.28).
YOGA (método científico para realização de DEUS
(AUTO-REALIZAÇÃO)) é o método pelo qual purificamos nossa consciência, impedimos
mais poluição, e chegamos ao estado de Perfeição, CONHECIMENTO pleno,
BEM-AVENTURANÇA plena.
Se existe um Deus, eu quero vê-Lo. Não tem sentido acreditar em
algo sem prova, e Consciência de Krishna e meditação são métodos onde você pode
obter realmente percepção de Deus. Você pode ver Deus de verdade, e ouvi-Lo,
brincar com Ele. Pode parecer loucura, mas Ele existe realmente, de verdade com
você.
Existem muitos caminhos de yoga, Raja, Jñana,
Hatha, Kriya, Karma, Bhakti, os quais são todos
aclamados pelos MESTRES de cada método.
SWAMI BHAKTIVEDANTA é como seu título diz, um BHAKTI-YOGI
que segue o caminho da DEVOÇÃO. Por servir a DEUS com cada pensamento, palavra,
e ATO, e por cantar SEUS Santos Nomes, o devoto desenvolve rapidamente
Consciência de Deus. Por cantar
Hare Krishna Hare Krishna
Krishna Krishna Hare Hare Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare
a pessoa inevitavelmente chega à Consciência de KRISHNA. (A
prova do pudim está em comê-lo!).
Peço que aproveite este livro de KRISHNA, e penetre em seu
entendimento.
Também peço que você marque um compromisso para encontrar seu
Deus agora, pelo processo de autoliberação do YOGA (UNIÃO) e DÊ UMA
CHANCE PARA A PAZ (GIVE PEACE A CHANCE).
TUDO O QUE VOCÊ PRECISA É DE AMOR (KRISHNA) HARI BOL.
ALL YOU NEED IS LOVE (KRISHNA) HARI BOL.
George Harrison
(31/03/70)
Apple Corps Ltd
3 Savile Row London W1 Gerrard 2772/3993 Telex Apcore London
(Londres - Inglaterra)
|
Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga
"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções")
de
Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada Paramahamsa Thakura Mahashaya
Prefácio
nivrtta-tarsair upagiyamanad
bhavausadhac chrotra-mano-'bhiramat ka uttamasloka-gunanuvadat puman virajyeta vina pasu-ghnat
"Glorificação da Suprema Personalidade de Deus é realizada no
sistema parampara, ou seja, é transmitida do mestre espiritual para o
discípulo. Essa glorificação é apreciada por quem não está mais interessado na
falsa glorificação temporária desta manifestação cósmica. Descrições sobre o
Senhor são o remédio correto para a alma condicionada submetida a repetidos
nascimentos e mortes. Portanto, quem vai parar de ouvir essa glorificação do
Senhor além de um assassino ou quem mata seu próprio eu"? (Srimad Bhagavatam
10.1.4).
Nos países ocidentais, quando alguém vê uma capa de livro
como KRISHNA, pergunta imediatamente, "quem é Krishna? Quem é a moça com Krishna"?
etc..
A resposta imediata é que Krishna é a Suprema Personalidade
de Deus. Como é isso? Porque Ele corresponde exatamente em detalhes com as
descrições do Ser Supremo, o Deus Supremo. Em outras palavras, Krishna é o
Supremo porque Ele é todo-atrativo. Fora do princípio da atração completa, não
há sentido para a palavra Supremo. Como alguém pode ser todo-atrativo? Em
primeiro lugar, se a pessoa é muito rica, se tiver muito dinheiro, é muito
atraente para as pessoas em geral. Similarmente, se alguém é muito poderoso,
também se torna atraente, e se alguém é muito famoso, também se torna atraente,
e se alguém é muito belo ou sábio ou desapegado de todos tipos de posses, também
se torna atraente. Assim, pela experiência prática, podemos observar que uma
pessoa é atrativa devido a 1) riqueza, 2) poder, 3) fama, 4) beleza, 5)
sabedoria, e 6) renúncia. Aquele que tem a posse de todas essas seis opulências
ao mesmo tempo, que as possui em grau ilimitado, é considerado a Suprema
Personalidade de Deus. Essas opulências do Supremo são descritas por Parashara
Muni, uma grande autoridade Védica.
Nós vemos muitas pessoas ricas, muitas pessoas poderosas,
muitas pessoas famosas, muitas pessoas bonitas, muitas pessoas educadas e
eruditas, e muitas pessoas na ordem de vida renunciada desapegadas das posses
materiais. Mas nunca vimos uma única pessoa sequer que é ilimitadamente e
simultaneamente rica, poderosa, famosa, bonita, sábia e desapegada, como Krishna,
na história da humanidade. Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, também é
uma personalidade histórica que apareceu nesta Terra 5.000 anos atrás. Ele
permaneceu na Terra por 125 anos e atuou exatamente como um ser humano, mas Suas
atividades são sem paralelo. Desde o primeiro momento de Seu aparecimento até o
momento de Seu desaparecimento, cada uma de Suas atividades é sem paralelo na
história do mundo, e portanto qualquer um que saiba o que queremos dizer com
Supremo aceitará Krishna como a Suprema Personalidade de Deus. Ninguém é igual
ao Supremo, e ninguém é maior do que Ele. Esse é o significado do dito popular
"Deus é grande".
Existem várias classes de pessoas no mundo que falam sobre
Deus de formas diferentes, mas segundo a literatura Védica e de acordo com os
grandes acharyas, as pessoas autorizadas versadas no conhecimento sobre
Deus, em todas as eras, como os acharyas Shankara, Ramanuja, Madhwa,
Vishnuswami, Senhor Chaitanya e todos os seguidores deles na sucessão discipular,
todos concordam unanimemente que Krishna é a Suprema Personalidade de Deus.
Quanto a nós, seguidores da civilização Védica, aceitamos a história Védica do
universo inteiro, que consiste de vários sistemas planetários chamados
Swargalokas, ou sistema planetário superior, Martyalokas, ou sistema planetário
intermediário e Patalalokas, ou sistema planetário inferior. Os historiadores
modernos desta Terra não podem suprir evidências históricas dos eventos que
ocorreram antes de 5.000 anos atrás, e os antropólogos dizem que o Homo sapiens
não apareceu no planeta antes de 40.000 anos atrás porque a evolução não tinha
chegado a esse ponto. Mas as histórias Védicas, os Puranas e
Mahabharata, relatam histórias humanas que se estendem a milhões e bilhões
de anos no passado.
Por exemplo, essas literaturas narram histórias dos
aparecimentos e desaparecimentos de Krishna milhões e bilhões de anos atrás. No
Quarto Capítulo do Bhagavad-gita, Krishna diz para Arjuna que tanto Ele
quanto Arjuna tiveram muitos nascimentos antes, e que Ele (Krishna) podia
lembrar todos e que Arjuna não podia. Isso ilustra a diferença entre o
conhecimento de Krishna e o de Arjuna. Arjuna podia ser um guerreiro
extraordinário, um membro muito culto da dinastia Kuru, mas em última instância,
era um ser humano ordinário, enquanto Krishna, a Suprema Personalidade de Deus,
é o possuidor de conhecimento ilimitado. Por que Ele possui conhecimento
ilimitado, Krishna tem uma memória que é ilimitada.
O conhecimento de Krishna é tão perfeito que Ele lembra todos
os incidentes de Suas aparições alguns milhões e bilhões de anos no passado, mas
a memória e o conhecimento de Arjuna são limitados por tempo e espaço, porque
ele é um ser humano ordinário. No Quarto Capítulo, Krishna afirma que Ele pode
lembrar as aulas com as instruções do Bhagavad-gita alguns milhões de
anos atrás para o deus do Sol, Vivasvan.
Hoje em dia, é moda da classe de pessoas ateístas tentar se
tornar Deus por seguir algum processo místico. Geralmente, os ateístas alegam
ser Deus por causa de sua imaginação ou de sua perícia na meditação. Krishna não
é esse tipo de Deus. Ele não Se torna Deus pela manufatura de algum processo
místico de meditação, nem Se torna Deus por se submeter a severas austeridades
dos exercícios de yoga místico. Para falar corretamente, Ele nunca Se
torna Deus porque Ele é o Supremo em todas as circunstâncias.
Dentro da prisão de Seu tio materno Kamsa, onde Seu pai e mãe
estavam presos, Krishna apareceu fora do corpo de Sua mãe como Vishnu-Narayana
de quatro mãos. Depois, Ele Se transformou num bebê e disse a Seu pai para
levá-Lo para a casa de Nanda Maharaja e sua esposa Yashoda. Quando Krishna ainda
era um bebezinho, a demônia gigantesca Putana tentou matá-Lo, mas Ele mamou no
seio dela e sugou sua vida também. Essa é a diferença entre o Supremo real e um
Deus manufaturado na fábrica mística. Krishna não teve chance de praticar o
processo de yoga místico, mesmo assim Se manifestou como a Suprema
Personalidade de Deus em cada passo, da infância à adolescência, da adolescência
à juventude, e da juventude à maioridade. Neste livro, Krishna, todas Suas
atividades como um ser humano são descritas. Apesar de Krishna atuar como um ser
humano, Ele sempre mantém Sua identidade como a Suprema Personalidade de Deus.
Porque Krishna é todo-atrativo, a pessoa deve saber que todos
seus desejos devem ser focalizados em Krishna. O Bhagavad-gita afirma que
a pessoa individual é o proprietário ou senhor do corpo, mas Krishna, que é a
Superalma presente no coração de todos, é o proprietário supremo e o senhor
supremo de cada e todo corpo individual. Assim, se concentrarmos nossas
propensões amorosas em Krishna somente, então imediatamente amor universal,
unidade e tranqüilidade serão realizados automaticamente. Quando alguém rega a
raiz de uma árvore, rega automaticamente os troncos, galhos, folhas e flores;
quando alguém supre comida ao estômago pela boca, satisfaz todas as várias
partes do corpo.
A arte de focalizar a atenção no Supremo e dar o amor pessoal
para Ele é chamada Consciência de Krishna. Nós inauguramos o movimento da
Consciência de Krishna para que todos possam satisfazer sua propensão de amar os
outros simplesmente por direcionar esse amor para Krishna. O mundo inteiro está
muito ansioso para satisfazer a propensão dormente de amar os outros, mas a
invenção de vários métodos como socialismo, comunismo, altruísmo, humanitarismo,
nacionalismo, ou qualquer outra coisa que possa ser manufaturada para a paz e
prosperidade do mundo, são todos inúteis e frustrantes por causa de nossa
ignorância grosseira sobre a arte de amar Krishna. Geralmente, as pessoas pensam
que com o avanço da causa dos princípios morais e ritos religiosos, serão
felizes. Outros podem achar que felicidade pode ser alcançada com
desenvolvimento econômico, outros ainda pensam que simplesmente poderão ser
felizes com o desfrute sensual. Mas o fato real é que as pessoas só podem ser
felizes se amarem Krishna.
Krishna pode reciprocar perfeitamente as propensões amorosas
da pessoa em diferentes relações chamadas doçuras, ou rasas. Basicamente,
existem doze relacionamentos amorosos. A pessoa pode amar Krishna como o supremo
desconhecido, como o supremo mestre, o supremo amigo, o supremo filho, o supremo
amante. Essas são as cinco rasas de amor básicas. A pessoa também pode
amar Krishna indiretamente em sete relações diferentes, que são aparentemente
diferentes das cinco relações principais. No todo, entretanto, se a pessoa
simplesmente depositar sua propensão amorosa em Krishna, então sua vida será bem
sucedida. Isso não é uma ficção mas um fato que pode ser realizado pela
aplicação prática. A pessoa pode perceber diretamente os efeitos que o amor por
Krishna tem, em sua vida.
O Nono Capítulo do Bhagavad-gita denomina esta ciência
da Consciência de Krishna de rei de todo conhecimento, o rei de todas as coisas
confidenciais, e a ciência suprema da realização espiritual. De fato, podemos
experimentar diretamente os resultados desta ciência da Consciência de Krishna
porque é muito fácil de praticar e é muito prazerosa. Qualquer percentual de
Consciência de Krishna que pudermos realizar, vai se tornar um bem eterno da
nossa vida, porque é imperecível em todas as circunstâncias. Agora, foi provado
efetivamente que a geração jovem frustrada dos países ocidentais pôde perceber
diretamente os resultados da canalização de sua propensão amorosa para Krishna
unicamente.
De fato, apesar da pessoa executar severas austeridades,
penitências e sacrifício em sua vida, se falhar em despertar seu amor dormente
por Krishna, então todas suas penitências são consideradas inúteis. Por outro
lado, se a pessoa despertou seu amor dormente por Krishna, qual a utilidade de
executar austeridades e penitências desnecessariamente?
O Movimento da Consciência de Krishna é um presente
inigualável do Senhor Chaitanya para as almas caídas desta era. É um processo
muito simples que foi realizado de verdade durante os últimos quatro anos nos
países ocidentais, e não há dúvida de que este Movimento pode satisfazer as
propensões amorosas da humanidade. Este livro, KRISHNA, é outro presente para
ajudar o Movimento da Consciência de Krishna no mundo ocidental. Esta literatura
transcendental é publicada em duas partes com profusas ilustrações. As pessoas
adoram ler vários tipos de romances para gastar seu tempo e energia. Agora, essa
tendência pode ser direcionada para Krishna. O resultado será a satisfação
imperecível da alma, tanto individualmente quanto coletivamente.
O Bhagavad-gita afirma que até mesmo um pequeno
empenho gasto no caminho da Consciência de Krishna pode salvar a pessoa do maior
perigo. Centenas de milhares de exemplos podem ser citados sobre pessoas que
escaparam dos maiores perigos da vida por causa de um mínimo avanço na
Consciência de Krishna. Portanto, pedimos a todos que aproveitem esta grande
literatura transcendental. O leitor descobrirá ao ler uma página depois da
outra, um imenso tesouro de conhecimento em arte, ciência, literatura, filosofia
e religião revelado, e no fim, com a leitura deste único Livro, KRISHNA, amor
pelo Supremo frutificará.
Agradeço imensamente a Sriman George Harrison, que agora
canta Hare Krishna, pela generosa contribuição de 19.000 libras esterlinas para
financiar todo o custo da publicação deste Livro. Que Krishna abençoe esse
maravilhoso rapaz com mais avanço na Consciência de Krishna.
E finalmente, minhas bênçãos para sempre a Sriman
Shyamasundara Dasa Adhikari, Sriman Brahmananda Dasa Brahmachari, Sriman
Hayagriva Dasa Adhikari, Sriman Satswarupa Adhikari, Srimati Devahuti-devi,
Srimati Jadurani Dasi, Sriman Muralidhara Dasa Brahmachari, Sriman Bharadwaja
Dasa Adhikari and Sriman Pradyumna Dasa Adhikari, etc., pelo seu trabalho
dedicado em várias áreas para tornar esta publicação um grande sucesso.
Hare Krishna
A.C. Bhaktivedanta Swami
Dia do Advento de
Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati 26 de fevereiro de 1970
Central da ISKCON
3764 Watseka Avenue Los Angeles, Califórnia |
Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga
"KRISHNA - A Suprema Personalidade de Deus"
(Original Sem "Correções")
de
Sua Divina Graça
Sri Srimad Bhaktivedanta Swami Maharaj Prabhupada Paramahamsa Thakura Mahashaya
Introdução
krsna! krsna! krsna! krsna! krsna! krsna! krsna! he
krsna! krsna! krsna! krsna! krsna! krsna! krsna! he krsna! krsna! krsna! krsna! krsna! krsna! raksa mam krsna! krsna! krsna! krsna! krsna! krsna! pahi mam rama! raghava! rama! raghava! rama! raghava! raksa mam krsna! kesava! krsna! kesava! krsna! kesava! pahi mam
O Senhor Chaitanya cantava assim. (Quer dizer): "Ó Senhor
Krishna, por favor Me proteja e Me mantenha".
"Ó Senhor Rama, descendente do rei Raghu, por favor Me proteja. Ó Krishna, ó Keshava, matador do demônio Keshi, por favor Me mantenha".
O Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu, conhecido como Gaurahari,
seguia Seu caminho a cantar este verso. Sempre que via alguém, Ele pedia para
cantar "Hari! Hari"!
Sri Chaitanya Charitamrita (Madhya 7.96)
Enquanto tento escrever este Livro, KRISHNA, quero prestar
minhas respeitosas reverências a meu mestre espiritual, Om Vishnupada 108 Sri
Srimad Bhaktisiddhanta Sarasvati Goswami Maharaja Prabhupada. Depois quero
prestar respeitosas reverências ao oceano de misericórdia, o Senhor Sri Krishna
Chaitanya Mahaprabhu. Ele é a Suprema Personalidade de Deus, o próprio Krishna,
que aparece no papel de um devoto justamente para distribuir os princípios mais
elevados do serviço devocional. O Senhor Chaitanya começou Sua pregação no
estado conhecido como Gaudadesha (Bengala Ocidental). E como pertenço ao
Madhwa-Gaudiya-sampradaya, quero prestar minhas respeitosas reverências à nossa
sucessão discipular. Esse Madhwa-Gaudiya-sampradaya também é conhecido como
Brahma-sampradaya porque a sucessão discipular começou originalmente com Brahma.
Brahma instruiu o sábio Narada, Narada instruiu Vyasadeva, e Vyasadeva instruiu
Madhwa Muni, ou Madhwacharya. Madhavendra Puri, o inaugurador do
Madhwa-Gaudiya-sampradaya, pertencia à sucessão discipular de Madhwacharya; ele
teve muitos discípulos famosos nas ordens de vida sannyasa (renúncia) e
de casado, discípulos como Nityananda Prabhu, Adwaita Prabhu e Isvara Puri.
Isvara Puri teve a graça de ser o mestre espiritual do Senhor Chaitanya
Mahaprabhu. Por isso, vamos prestar nossas respeitosas reverências a Isvara Puri,
Nityananda Prabhu, Sri Adwaita Acharya Prabhu, Shrivasa Pandita e Sri Gadadhara
Pandita. Depois, prestamos respeitosas reverências a Swarupa Damodara, que atuou
como o secretário pessoal do Senhor Chaitanya Mahaprabhu; e prestamos nossas
respeitosas reverências a Sri Vasudeva Datta e ao constante servo pessoal do
Senhor Chaitanya, Sri Govinda, e ao constante amigo do Senhor Chaitanya, Mukunda,
e também a Murari Gupta. E prestamos nossas respeitosas reverências aos seis
Goswamis de Vrindavana, Sri Rupa Goswami, Sri Sanatana Goswami, Sri Raghunatha
Bhatta Goswami, Sri Gopala Bhatta Goswami, Sri Jiva Goswami e Sri Raghunatha
Dasa Goswami.
Krishna explicou pessoalmente no Bhagavad-gita que Ele
é a Suprema Personalidade de Deus. Sempre que há discrepâncias nos princípios
reguladores da vida religiosa das pessoas e uma proeminência de atividades
irreligiosas, Ele aparece neste planeta Terra. Em outras palavras, quando o
Senhor Sri Krishna apareceu, havia uma necessidade de diminuir a carga de
atividades pecaminosas acumuladas neste planeta, ou neste universo. O Senhor
Maha-Vishnu, a porção plenária de Krishna, é o encarregado dos incidentes da
criação material.
Quando o Senhor descende, a encarnação emana de Vishnu.
Maha-Vishnu é a causa original da criação material, e Dele, Garbhodakashayi
Vishnu Se expande, e depois, Kshirodakashayi Vishnu. Geralmente, todas
encarnações que aparecem dentro deste universo material são expansões plenárias
de Kshirodakashayi Vishnu. Portanto, a tarefa de diminuir a carga excessiva das
atividades pecaminosas nesta Terra pertence à Suprema Personalidade de Deus, o
próprio Krishna. Mas quando Krishna aparece, todas as expansões Vishnu também Se
juntam a Ele. As várias expansões de Krishna, chamadas Narayana, a expansão
quádrupla de Vasudeva, Sankarshana, Pradyumna e Aniruddha, bem como a expansão
plenária parcial Matsya ou a encarnação de peixe, e os yuga-avataras
(encarnações do milênio), e os manvantara-avataras, as encarnações de
Manus; todos Se combinam juntos e aparecem no corpo de Krishna, a Suprema
Personalidade de Deus. Krishna é o todo completo, e todas expansões plenárias e
encarnações sempre vivem com Ele.
Quando Krishna apareceu, o Senhor Vishnu também estava com
Ele. Krishna aparece na realidade para demonstrar Seus passatempos de Vrindavana
e para atrair as almas condicionadas afortunadas e convidá-las para voltarem ao
Lar, de volta ao Supremo. A matança de demônios foi simultânea a Suas atividades
de Vrindavana e foi levada a cabo pela porção Vishnu de Krishna.
O Oitavo Capítulo, verso vinte, do Bhagavad-gita
afirma que existe uma outra natureza eterna, o céu espiritual, que é
transcendental a esta matéria manifesta e não-manifesta. O mundo manifesto pode
ser visto na forma de muitas estrelas e sistemas planetários, como o Sol, a Lua
etc., mas além disso, existe uma porção não-manifesta que não pode ser
aproximada por ninguém neste corpo. E além da matéria não-manifesta existe o
reino espiritual. Esse reino é descrito no Bhagavad-gita como supremo e
eterno. Nunca é aniquilado. Esta natureza material é sujeita a criação e
aniquilação repetidas. Mas aquela parte, a natureza espiritual, permanece como
é, eternamente.
A morada suprema da Personalidade de Deus, Krishna, também é
descrita no Brahma-samhita como a morada de chintamani. Essa
morada do Senhor Krishna conhecida como Goloka Vrindavana é cheia de palácios
feitos de pedra filosofal. Lá, existem árvores chamadas árvores do desejo, e as
vacas são surabhi. O Senhor é servido por centenas de milhares de deusas
da fortuna. Seu nome é Govinda, o Senhor Primordial, e Ele é a causa de todas as
causas. Lá, o Senhor toca Sua flauta, Seus olhos parecem pétalas de lótus, e a
cor de Seu corpo é como a de uma bela nuvem. Sua cabeça porta uma pena de pavão.
Ele é tão atrativo que supera milhares de Cupidos. O Senhor Krishna dá apenas
uma pequena descrição no Gita sobre Sua morada pessoal que é o planeta
mais elevado do reino espiritual. Mas no Srimad Bhagavatam, Krishna
aparece realmente com toda Sua parafernália e demonstra Suas atividades em
Vrindavana, depois em Mathura, e depois em Dwaraka. O assunto deste Livro
revelará gradualmente todas essas atividades.
A família na qual Krishna apareceu é chamada dinastia Yadu.
Essa dinastia Yadu pertence à família que descende de Soma, o deus do planeta
Lua. Existem duas famílias da classe nobre kshatriya diferentes, uma
descende do rei do planeta Lua e a outra descende do rei do planeta Sol. Sempre
que a Suprema Personalidade de Deus aparece, geralmente aparece numa família
kshatriya porque precisa estabelecer os princípios religiosos ou a vida
virtuosa. A família kshatriya é a protetora da raça humana, segundo o
sistema Védico. Quando a Suprema Personalidade de Deus apareceu como o Senhor
Ramachandra, apareceu na família descendente do deus do Sol, conhecida como
Raghu-vamsa; e quando apareceu como o Senhor Krishna, fez isso na família
Yadu-vamsa. Há uma longa lista dos reis da Yadu-vamsa no Nono Canto, Capítulo
vinte e quatro, do Srimad Bhagavatam. Todos foram grandes reis poderosos.
O nome do pai de Krishna é Vasudeva, filho de Shurasena, descendente da dinastia
Yadu. Na realidade, a Suprema Personalidade de Deus não pertence a nenhuma
dinastia deste mundo material, mas a família na qual a Suprema Personalidade de
Deus aparece se torna famosa, pela graça Dele. Por exemplo, o sândalo é
produzido nos estados da Malásia. O sândalo possui suas próprias qualidades à
parte da Malásia, mas porque, por acaso, essa madeira é produzida principalmente
nos estados da Malásia, é conhecida como sândalo malaio. Similarmente, Krishna a
Suprema Personalidade de Deus pertence a todos, todavia, do mesmo modo como o
Sol nasce no leste, apesar de que poderia aparecer em outras direções, o Senhor,
por Sua própria escolha, aparece numa família específica, e essa família se
torna famosa.
Quando Krishna aparece, todas Suas expansões plenárias também
aparecem com Ele. Krishna apareceu junto com Balarama (Baladeva), que é famoso
como Seu irmão mais velho. Balarama é o Sankarshana original, da expansão
quádrupla. Balarama também é uma expansão plenária de Krishna. Neste Livro,
tentaremos mostrar como Krishna apareceu na família da dinastia Yadu e como Ele
exibiu Suas características transcendentais. Tudo isso é descrito detalhadamente
no Srimad Bhagavatam; especialmente no Décimo Canto; e a base deste Livro
é o Srimad Bhagavatam.
Os passatempos do Senhor geralmente são ouvidos e apreciados
por almas liberadas. Aqueles que são almas condicionadas estão interessados em
ouvir romances fictícios sobre as atividades materiais de pessoas comuns.
Narrações que descrevem as atividades transcendentais do Senhor são encontradas
no Srimad Bhagavatam e outros Puranas. Porém, as almas
condicionadas ainda preferem estudar as narrações ordinárias. Não estão muito
interessadas em estudar as narrações dos passatempos do Senhor, Krishna. Mesmo
assim, as descrições dos passatempos do Senhor Krishna são tão atraentes que são
apreciadas por todas classes de pessoas. Existem três classes de pessoas neste
mundo. Uma classe consiste das almas liberadas, outra consiste daquelas que
tentam ser liberadas, e a terceira consiste de pessoas materialistas. Seja a
pessoa liberada ou tenta ser liberada, ou até mesmo é grosseiramente
materialista, os passatempos do Senhor Krishna valem a pena serem estudados.
Almas liberadas não têm interesse em atividades
materialistas. A teoria impersonalista que depois da liberação a pessoa se torna
inativa e não precisa ouvir nada, não prova que uma pessoa liberada é inativa
realmente. Uma alma vivente não pode ser inativa. É sempre ativa tanto no estado
condicionado quanto no estado liberado. Uma pessoa doente, por exemplo, também é
ativa, mas suas atividades são todas dolorosas. Essa mesma pessoa, quando livre
das atividades condicionadas à doença, ainda é ativa, porém na condição ativa,
as atividades são plenas de prazer. Similarmente, os impersonalistas planejam se
livrar das atividades condicionadas da doença, mas não têm informação sobre as
atividades na condição saudável. Aqueles que são liberados de verdade com
conhecimento pleno aderem a ouvir sobre as atividades de Krishna; essa dedicação
é uma atividade espiritual pura.
É essencial para pessoas que são liberadas de verdade ouvir
sobre os passatempos de Krishna. Esse é o assunto supremo apreciado pela pessoa
no estado liberado. Também, se as pessoas que tentam ser liberadas ouvirem essas
narrações como o Bhagavad-gita e Srimad Bhagavatam, então seu
caminho de liberação se torna muito claro. O Bhagavad-gita é o estudo
preliminar do Srimad Bhagavatam. Se estudar o Gita, a pessoa se
torna plenamente consciente sobre a posição do Senhor Krishna; e quando está
situada nos pés de lótus de Krishna, entende as narrações sobre Krishna
descritas no Srimad Bhagavatam. Por isso, o Senhor Chaitanya aconselhou
Seus seguidores que seu trabalho é propagar krishna-katha.
Krishna-katha quer dizer narrações sobre Krishna.
Existem dois krishna-katha: narrações faladas por Krishna, e narrações
faladas sobre Krishna. O Bhagavad-gita é a narração ou a filosofia ou a
ciência de Deus falada por Krishna em pessoa. O Srimad Bhagavatam é a
narração sobre as atividades e os passatempos transcendentais de Krishna. Os
dois são krishna-katha. O Senhor Chaitanya deu essa ordem, que
krishna-katha seja propagado no mundo inteiro, porque se a alma
condicionada, que sofre as dores da existência material, adotar krishna-katha,
então seu caminho para a liberação será aberto e claro. O propósito de
apresentar este Livro é primeiramente induzir as pessoas a entenderem Krishna ou
krishna-katha, porque assim poderão se livrar do cativeiro material.
Este krishna-katha também será muito atraente para as
pessoas mais materialistas porque os passatempos de Krishna com as gopis
(meninas pastoras de vacas) são exatamente como os casos amorosos entre jovens
rapazes e moças neste mundo material. Na verdade, a afeição sexual encontrada na
sociedade humana não é artificial porque essa mesma afeição sexual existe na
Personalidade de Deus original. A potência de prazer é chamada Srimati Radharani.
A atração por casos amorosos com base na afeição sexual é o aspecto original da
Suprema Personalidade de Deus, e nós, almas condicionadas, porque somos partes e
parcelas do Supremo, também temos esses sentimentos, porém são experimentados
dentro de uma condição pervertida e diminuta. Portanto, quando aqueles que
buscam vida sexual neste mundo material ouvem sobre os passatempos de Krishna
com as gopis, certamente saboreiam prazer transcendental, apesar de
parecer materialista. A vantagem é que gradualmente vão se elevar à plataforma
espiritual. O Srimad Bhagavatam afirma que se uma pessoa ouve os
passatempos do Senhor Krishna com as gopis, das autoridades com
submissão, então será promovida à plataforma do serviço amoroso transcendental
ao Senhor, e a doença material da luxúria dentro do seu coração será
completamente eliminada. Em outras palavras, combaterá a vida sexual material.
Então, será muito atraente para as almas liberadas e para as
pessoas que tentam ser liberadas, e também ao materialista condicionado
grosseiro. Segundo a afirmação de Maharaja Parikshit, que ouviu sobre Krishna de
Shukadeva Goswami, krishna-katha é igualmente aplicável a todo ser
humano, seja qual for a vida condicionada que esteja. Todos apreciarão até a
magnitude mais alta. Mas Maharaja Parikshit também alertou que as pessoas
simplesmente dedicadas à matança de animais e à matança delas próprias talvez
não tenham muita atração por krishna-katha. Em outras palavras, pessoas
ordinárias que seguem os princípios das escrituras que regulam a moral, seja
qual for a condição que estejam, certamente sentirão atração, e não as pessoas
que matam a si mesmas. A palavra exata usada no Srimad Bhagavatam é
pashughna, que quer dizer matar animais ou matar a si próprio. Pessoas que
não são auto-realizadas e que não estão interessadas na realização espiritual,
na realidade, matam a si mesmas; cometem suicídio. Porque esta forma humana de
vida é especialmente destinada à auto-realização, se negligenciar essa parte
importante de suas atividades, a pessoa simplesmente desperdiça seu tempo como
os animais. Por isso que é pashughna. O outro significado da palavra se
refere àqueles que realmente matam animais. Isso quer dizer pessoas que são
comedoras de animais (mesmo os comedores de cachorro), e todos que estão
dedicados à matança de animais de várias formas, como caçadas, abertura de
matadouros etc.. Essas pessoas podem não se interessar por krishna-katha.
O rei Parikshit estava especialmente interessado em ouvir
krishna-katha porque sabia que seus ancestrais e especialmente seu avô,
Arjuna, foram vitoriosos na grande batalha de Kurukshetra somente por causa de
Krishna. Nós também podemos aceitar este mundo material como a batalha de
Kurukshetra. Todos lutam arduamente pela existência neste campo de batalha, e há
perigo em cada passo. Segundo Maharaja Parikshit, o campo de batalha de
Kurukshetra era justamente como um vasto oceano cheio de animais perigosos. Seu
avô Arjuna teve que lutar contra grandes heróis como Bhisma, Drona, Karna e
muitos outros que não eram guerreiros ordinários. Esses guerreiros foram
comparados ao peixe timingila no oceano. O peixe timingila pode
engolir facilmente grandes baleias. Os grandes guerreiros no campo de batalha de
Kurukshetra podiam engolir facilmente muitos e muitos Arjunas, mas simplesmente
por causa da misericórdia de Krishna, Arjuna foi capaz de matar todos eles. Do
mesmo modo como alguém pode atravessar sem esforço por cima de uma pequena poça
de água contida na pegada de um bezerro, assim Arjuna, pela graça de Krishna,
foi capaz de pular facilmente sobre o oceano da batalha de Kurukshetra.
Maharaja Parikshit apreciava muito as atividades de Krishna
por muitas outras razões. Não apenas seu avô foi salvo por Krishna, mas ele
próprio também foi salvo por Krishna. No fim da batalha de Kurukshetra, todos os
membros da dinastia Kuru, tanto os filhos e netos do lado de Dhritarastra,
quanto os que estavam no lado dos Pandavas, morreram na guerra. Exceto os cinco
irmãos Pandavas, todos morreram no campo de batalha em Kurukshetra. Maharaja
Parikshit nessa época estava no ventre de sua mãe. Seu pai, Abhimanyu, o filho
de Arjuna, também morreu na batalha de Kurukshetra, e por isso Maharaja
Parikshit foi um filho póstumo. Quando ele estava no útero de sua mãe, Asvathama
lançou uma arma brahmastra para matar a criança. Então, a mãe de Maharaja
Parikshit, Uttara, aproximou-se de Krishna, Krishna viu o perigo do aborto e
entrou no útero dela como a Superalma e salvou Maharaja Parikshit. Outro nome de
Maharaja Parikshit é Vishnurata porque ele foi salvo pelo Senhor Vishnu em
pessoa quando ainda estava no útero.
Assim, todos, em qualquer condição de vida, devem se
interessar em ouvir sobre Krishna e Suas atividades porque Ele é a Verdade
Absoluta Suprema, a Personalidade de Deus. Ele é todo-penetrante; Ele vive
dentro do coração de todos, e Ele vive em Sua forma universal. Mesmo assim, como
o Bhagavad-gita descreve, Ele aparece como Ele é na sociedade humana
justamente para convidar todos à Sua morada transcendental, de volta ao Lar, de
volta ao Supremo. Todos devem ter interesse em saber sobre Krishna, e este Livro
é apresentado com esse propósito; para que as pessoas possam saber sobre Krishna
e sejam perfeitamente beneficiadas nesta forma humana de vida.
O Nono Canto do Srimad Bhagavatam descreve Sri
Baladeva como filho de Rohini, uma esposa de Vasudeva. Vasudeva, o pai de
Krishna, teve dezesseis esposas, e uma delas é Rohini, a mãe de Balarama.
Balarama também é descrito como o filho de Devaki, então como Ele pode ser
filhos das duas, Devaki e Rohini? Essa foi uma das perguntas feitas por Maharaja
Parikshit para Shukadeva Goswami, e será respondida durante a narração do Livro.
Maharaja Parikshit também perguntou a Shukadeva Goswami por que Krishna, logo
depois de aparecer como filho de Vasudeva, foi transferido imediatamente para a
casa de Nanda Maharaja em Vrindavana, Gokula. Ele também queria saber quais
atividades do Senhor Krishna aconteceram quando Ele esteve em Vrindavana e
quando Ele esteve em Mathura. Além disso, também estava especialmente
inquisitivo para saber por que Krishna matou Seu tio materno, Kamsa. Kamsa,
irmão da Sua mãe, era um superior muito íntimo de Krishna, por isso o que
aconteceu para Ele matar Kamsa? Também, ele perguntou quantos anos o Senhor
Krishna permaneceu na sociedade humana, quantos anos Ele reinou no reino de
Dwaraka, e quantas esposas Ele aceitou lá. Um rei kshatriya geralmente
está acostumado a aceitar mais do que uma esposa, por isso que Maharaja
Parikshit também perguntou sobre o número de esposas. O assunto deste Livro são
as respostas de Shukadeva Goswami para essas e outras perguntas feitas por
Maharaja Parikshit.
A posição de Maharaja Parikshit e Shukadeva Goswami é única.
Maharaja Parikshit é a pessoa certa para ouvir sobre os passatempos de Krishna,
e Shukadeva Goswami é a pessoa certa para descrevê-los. Se essa combinação
afortunada for possível, então krishna-katha se torna revelado
imediatamente, e as pessoas podem ser beneficiadas até o grau mais elevado
possível com essa conversação.
Esta narração foi apresentada por Shukadeva Goswami quando
Maharaja Parikshit estava preparado para deixar seu corpo, a jejuar na beira do
Ganges. Para garantir a Shukadeva Goswami que não ficaria cansado por ouvir
krishna-katha, Maharaja Parikshit se expressou com muita franqueza: "Fome e
sede podem perturbar pessoas ordinárias ou eu, mas os tópicos sobre Krishna são
tão agradáveis que a pessoa pode continuar a ouvir sobre eles sem sentir cansaço
porque essa audição situa a pessoa na posição transcendental". Devemos entender
que a pessoa tem que ser muito afortunada para ouvir sobre krishna-katha
seriamente, como Maharaja Parikshit. Ele estava altamente interessado nessa
matéria porque esperava a morte a qualquer momento. Todos nós devemos ter
consciência da morte a qualquer momento. Esta vida não tem nenhuma garantia; a
pessoa pode morrer a qualquer momento. Não importa se a pessoa for jovem ou
velha. Portanto, antes que a morte aconteça, temos que ser conscientes de
Krishna plenamente.
Na ocasião da sua morte, o rei Parikshit ouviu o Srimad
Bhagavatam de Shukadeva Goswami. Quando o rei Parikshit expressou seu desejo
incansável de ouvir sobre Krishna, Shukadeva Goswami ficou muito feliz.
Shukadeva é o maior de todos recitadores Bhagavatas, assim ele começou a
falar sobre os passatempos de Krishna, que destroem tudo o que não é auspicioso
nesta Era de Kali. Shukadeva Goswami agradeceu ao rei por seu desejo ardente de
ouvir sobre Krishna, e o encorajou desta forma: "Meu querido rei, sua
inteligência é muito aguçada porque está tão ávido para ouvir sobre os
passatempos de Krishna". Ele informou Maharaja Parikshit que ouvir e cantar os
passatempos de Krishna são tão auspiciosos que esses processos purificam as três
variedades de pessoas envolvidas: aquela que recita os tópicos transcendentais
de Krishna, aquela que ouve esses tópicos, e quem inquire sobre Ele. Estes
passatempos são iguais às águas do Ganges que fluem do dedão do pé do Senhor
Vishnu: elas purificam os três mundos; os sistemas planetários superior,
intermediário e inferior.
|
Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga
Sri Chaitanya Shikshamritam
(http://www.nitaigaura.xpg.com.br/xikxa01.html)
de
Srila Bhaktivinoda Thakur Prabhupada
Processo de Nama-Bhajan
(Capítulo 6)
A consciência sobre a característica da verdade
transcendental constitui Swarupa-Siddhi. É o conhecimento sobre a
verdadeira relação. Quando surge o conhecimento sobre relação, obtém-se
Abhidheya na forma do cultivo de Prema e Prayojana, i.e.
necessidade de Prema. O Chit-Dhama de Krishna, Chit-Lila de
Krishna estão todos inclusos em Prema Tattva, que é a verdade da
necessidade. No Prasna Upanishad, decide-se sobre Bhajan do Nome de Deus.
O Nome Divino é afirmado como eternamente verdadeiro. O Nome de Krishna é aceito
como Sua Manifestação neste mundo. Apesar de Nama consistir de uma
combinação de letras, ainda assim é uma Manifestação especial de Krishna.
Segundo o fato de que não há distinção entre Nama e Swarupa, Sri
Krishna descendeu de Goloka-Vrindavana assumindo a forma de Nama. Assim o
Nome de Krishna é a primeira informação com Ele. O Jiva deve portanto
aceitar Seu Nama, se desejar obter Krishna. Sri Gopal-Guru Goswami, um
dos discípulos mais queridos de Sri Swarupa Damodara Goswami, citou o Agni
Purana em seu Harinamamrita-nirnaya, que diz, se alguém pronunciar "Hare Krishna
Hare Krishna Krishna Krishna Hare Hare" mesmo sem querer, não há dúvida de que
vai obter seu objetivo desejado. O Brahmanda Purana diz, se alguém recitar "Hare
Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare", vai se livrar de todos os pecados. O maior
pregador de Harinama e coletor de Seus dados relevantes é Sri Krishna
Chaitanya Mahaprabhu. As palavras Hare Krishna que saem de Seus lábios inundaram
o mundo com o vasto oceano de Prema. Sriman Mahaprabhu instruiu as
pessoas para adotarem o rosário de Nama:
Hare Krishna Hare Krishna Krishna
Krishna Hare Hare
Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare
que consiste de dezesseis palavras e trinta e duas
letras [em Devanagari]. Tudo isto está descrito no Sri Chaitanya
Charitamrita e Sri Chaitanya Bhagavata. Sri Gopal-Guru Goswami explicou o
significado desses Nomes da seguinte forma:
"Por meio da pronúncia de Hari, remove-se todos os
pecados das pessoas de mentalidade pecaminosa. Quando se toca no fogo sem saber,
vai se queimar. Quando se pronuncia Harinama, exibe-se a verdade de Deus
como "Chit-Ghana-Ananda", i.e. personificação da bem-aventurança sensível
eterna e extingue-se "Avidya" que é a raiz do mal. Por isso, chama-se
Harinama, ou é Harinama porque expulsa os três tipos de sofrimento de
todos os seres sensíveis e insensíveis, ou porque cativa a mente de todo o mundo
por meio do ouvir e cantar de Suas boas qualidades transcendentais inerentes, ou
porque rouba a mente das pessoas e de todos os Avataras pois sua doçura
transcende à doçura e beleza de uma infinidade de cupidos do amor. "Hare"
é caso indicativo do termo Hari, ou segundo o Brahmasamhita, Aquela que
pode roubar a mente de Hari por causa de Seu amor e afeição inigualáveis
se chama "Hara", e se aplica somente à Srimati Radhika, filha do rei
Vrishabhanu, e no caso vocativo Ela é "Hare".
Segundo o Agama Shastra, o significado de Krishna é Quem
atrai ou Quem cativa. Krishna é derivado da raiz "Krish", i.e. atrair, e
com a aplicação do sufixo "Na", indica bem-aventurança suprema. Portanto,
Ele é o Grande Atraente, Ele é o Brahman Supremo e a personificação da
bem-aventurança eterna. Krishna no caso indicativo é Krishna. Shiva diz no Agama:
"Ó deusa! Todos os pecados são retirados com a pronúncia de "Ra", e "Ma"
é uma porta fechada que previne a entrada do pecado novamente". Este é o
significado de "Rama". Os Puranas também afirmam: "O significado de "Rama"
é Aquele que é o Deus do Lila amoroso conjugal e que está sempre ocupado
em diversões amorosas com Sua companheira eterna Sri Radha". Portanto, "Rama"
indica somente Krishna e ninguém mais. Mostraremos a implicação de cada Nome no
curso da discussão sobre Nama-Bhajan.
Uma explicação sobre
Deus de Srila Bhaktivinoda Thakura Prabhupada, também extraída do Sri
Chaitanya Shikshamritam, Capítulo 1:
Apresentação Geral de
Paramartha-Dharma
Três tipos de coisas são percebidas neste mundo. Deus, os
seres vivos e os objetos materiais. Tudo aquilo que não possui o poder de
vontade é um objeto material. Terra, pedra, fogo, ar, céu, casa, madeira,
milho, pano, corpo, etc. não têm vontade (desejo), por isso são
denominados matéria. Animais, pássaros, vermes, insetos, possuem
sensibilidade, e os poderes de pensar e volição. Nenhum ser sensível tem a
capacidade de pensar e vontade no mesmo nível que o homem. Por esse
motivo, o homem é tido por alguns como o líder de todas as coisas animadas
e inanimadas. Deus é o criador de todos os seres animados e inanimados.
Não podemos vê-Lo porque Ele não tem um corpo material. Ele é o ser pleno
e perfeito com sensibilidade pura. Ele é o nosso Criador, Mantenedor e
Controlador. Obtemos bem-estar ou desgraça de acordo com o Seu desejo.
Ele eternamente é o Rei Supremo em Vaikuntha (região além deste
mundo e do céu). Ele é o Senhor de todos os senhores, e o universo
funciona de acordo com Sua Vontade.
Deus não tem aparência grosseira como a dos corpos
materiais, por isso não podemos percebê-Lo com nossos sentidos. Por esse
motivo, os Vedas [escrituras reveladas] O chamaram de sem-forma.
Cada coisa possui sua natureza essencial, Deus também tem a Dele. Essa
natureza é material para os objetos materiais e sensível para os seres
sensíveis. Embora sejamos seres sensíveis, fomos providos com corpos
materiais, e nossa natureza sensível fica escondida sob a cobertura da
natureza material. Mas Deus é Sensibilidade Pura. Ele não tem outra
natureza além de Sua Natureza Sensível. Essa Natureza Sensível é Sua
Forma. Podemos ver essa Forma somente com nossos olhos sensíveis, isto é,
os olhos da devoção , e não com os olhos materiais.
Alguns homens desafortunados não acreditam em Deus, seus
olhos sensíveis estão totalmente fechados. Não sendo capazes de verem a
forma de Deus com seus olhos materiais, concluem que não há nenhum Deus.
Do mesmo modo como cegos de nascença não podem perceber a luz do sol, os
ateus não são capazes de acreditar em Deus. Por natureza, todo homem
acredita em Deus. Somente aqueles que aprendem discussões desleais com
idéias tolas de más companhias, gradualmente se tornam vítimas do controle
de procedimentos errados e não reconhecem a existência de Deus. Eles são
os únicos perdedores, que mal há para Deus devido à descrença deles!
Quando falamos sobre a região de Vaikuntha (mundo
espiritual), não devemos concebê-la como um lugar material. Locais como
Madras, Bombaim, Cashmere, Calcutá, Londres, Paris etc. são materiais
(terrestres). Temos que atravessar vários países e regiões para ir até
eles, o que leva muito tempo através de navios ou de trens. Também temos
que mover nossos corpos materiais para esse propósito. Mas em
Vaikuntha não é assim. É uma região além de todo o mundo material.
Ela é Chit (sensível, não material), eterna (imutável) e perfeita
(sem falhas). Não pode ser percebida, por estes olhos, nem concebida por
esta mente.
Há quatro motivos para que homens em diferentes condições de
vida, tentem assegurar o prazer Divino. Eles são: medo, esperança, senso
de dever, ou apego. Os estimulados pelo medo, adoram a Deus por temerem o
inferno, domínio econômico, doenças e a morte. Os impulsionados pela
esperança, servem a Deus com preces para obterem prazeres mundanos e
melhoria das condições de suas vidas mundanas. O serviço a Deus produz
muita bem-aventurança, por isso, muitos que estão ocupados nesse serviço
devido ao medo ou à esperança, após algum tempo, abandonam esse medo ou
esperança e ficam apegados à devoção pura. Há outros que adoram o Criador,
com sentimento de gratidão, devido ao apego. A preferência que faz a mente
ir em direção a alguma coisa assim que a vê, sem nenhuma deliberação a
respeito, é chamada apego. Quando essa preferência surge na mente de
alguém por estar meditando em Deus, significa que ele serve a Deus sob
influência do apego. O serviço a Deus não é tão puro nos casos sob
influência de medo, esperança ou sentimento de dever. Os verdadeiros
servos devotados são aqueles ocupados no serviço a Deus através do caminho
da devoção pura.
O Senhor Supremo vive nessa Morada Transcendental. Se
conseguirmos agradá-Lo através do serviço, seremos levados a esse Mundo
Divino, e eternamente desfrutaremos do Serviço Bem-aventurado a Ele. No
mundo mundano a felicidade não é permanente, mas sim, altamente efêmera,
como bolhas na água. Para falar a verdade, tudo na Terra é cheio de
sofrimento. O próprio nascimento já é muito doloroso. Após o nascimento
temos que trabalhar para o sustento do corpo, o que também é um
sofrimento. Além do mais, o corpo é um reservatório de todos os tipos de
doenças. Somos sujeitos às estações do ano, como inverno e verão, temos
que nos submeter a algum trabalho físico para nos protegermos delas. Para
conseguir riqueza é necessário trabalho árduo. Há muitos problemas na
formação de um lar. A vida matrimonial é aparentemente feliz e promissora,
mas quando surgem filhos, os problemas vêm um após o outro. Na velhice
tudo se torna vazio. Não só isso, vida em comunidade sempre produz muitas
intrigas. Considerando tudo isso, chegamos à conclusão de que não existe
verdadeira felicidade no Samsara [ciclo da vida material -
repetidos nascimento-velhice-doença-morte]. Obter alívio temporário dos
sofrimentos e pesares é considerado como felicidade aqui neste mundo. O
fato é que a vida no Samsara é cheia de problemas, se conseguirmos
alcançar Vaikuntha Dhama, a Morada do Senhor Supremo, não
haverá mais Sukha [felicidade mundana] Dukha [sofrimento],
lá desfruta-se eternamente da Bem-aventurança Perene. Por isso, nosso
dever sagrado é servir ao Senhor.
Ao obter o conhecimento da Verdade, a partir desse mesmo
dia, devemos ir atrás do serviço ao Senhor Supremo, que é o verdadeiro
propósito da vida. Geralmente, a mentalidade é a seguinte: vamos desfrutar
do mundo, e quando ficar velho, aí é que procuraremos servir ao Senhor
Supremo. Maldição! Perdemos o Objetivo de nossas vidas! O tempo é
precioso. Por isso, no dia em que sabemos da Verdade, a partir desse mesmo
momento, devemos nos esforçar para conseguir o Objeto. Obter nascimento
como um ser humano é um feito extremamente raro, e mais ainda, a morte é
imprevisível, podemos encontrá-la a qualquer momento.
É errado pensar que durante a infância não se pode servir ao
Senhor. A História mostra que Druva e Prahlada adoraram o Senhor na
infância, e O encontraram pessoalmente, sendo assim abençoados. Se eles
conseguiram isso, por que outros também não podem? Não deve haver nenhuma
dúvida a esse respeito. Tudo aquilo que praticamos na infância, acaba
sendo a natureza de nossa vida.
Há uma profunda relação entre Jiva e Deus, que pode
ser percebida com o alvorecer do apego amoroso. Apesar dessa relação ser
eterna, ela permanece oculta nos Jivas presos à matéria. Ela se
revela sempre que tem uma oportunidade. Do mesmo modo como o fogo surge
quando riscamos um fósforo ou uma pedra de isqueiro, através do
Sadhana (prática de métodos adequados) essa relação desperta, e
oferece serviço a Deus através de medo, esperança, ou sentimento de dever.
Druva serviu a Deus, primeiramente, com esperança de conseguir um reino,
mas quando despertou o apego amoroso através da prática, devido à relação
sagrada, não aceitou mais benefícios para desfrute mundano.
Entretanto, medo e esperança são desprezíveis. Quando um
praticante incrementa sua sensibilidade, abandona o medo e a esperança, e
o sentimento de dever se torna sua única base. Ele não abandona o
sentimento de dever, até que haja o despertar do apego amoroso a Deus. O
sentimento de dever produz a confirmação sobre o apego amoroso a Deus. O
sentimento de dever produz a confirmação sobre os mandamentos das
escrituras e a rejeição a atos proibidos. Os procedimentos para serviço a
Deus, que grandes sábios do passado escreveram nas escrituras após
deliberações, são conhecidos como regras ou mandamentos. O honrar das
regras e mandamentos escriturais cresce pelo gerenciamento do sentimento
de dever.
Através de uma consideração cuidadosa sobre os fatos
históricos dos povos de diferentes países e continentes, será evidente que
a fé em Deus é naturalmente comum entre os homens. Tribos selvagens se
sustentam com a carne de animais, mesmo assim, adoram o Sol e a Lua,
montanhas e rios, ou grandes árvores, pois acreditam que são os supridores
de suas necessidades, e seus controladores. Qual o motivo disso? A
natureza da sensibilidade do Jiva, embora profundamente presa à
matéria, mostra sinais de suas características, como na forma da fé divina
em qualquer grau que seja, isso é perfeitamente percebido se a
sensibilidade não estiver muito coberta. Somente depois de alcançar o
status de civilização, através do cultivo de vários tipos de conhecimento,
é que o homem encobre a fé com raciocínios errôneos, e se apega
mentalmente ao ateísmo, ou a alguma doutrina de aniquilação como o monismo
absoluto. Devemos concluir que tal mentalidade absurda é sintoma da
condição doentia da sensibilidade debilitada. Existem três estágios
intermediários, que se percebem na vida humana, entre o totalmente
incivilizado e aquele possuidor de uma ótima fé em Deus. É nesses três
estágios que as doenças do ateísmo, cepticismo, niilismo etc. obstruem o
progresso gradual do Jiva e conduzem alguns homens a posições muito
rudes. Os que sofrem essas doenças permanecem confinados nessa situação e
não obtêm competência para se elevarem a formas de vida superiores. Não é
sempre que todos os homens nesses estágios sofrem o ataque dessas doenças.
O progresso gradual natural da humanidade faz com que tribos
incivilizadas, através da civilização, moralidade e educação, adotem o
Varnashrama-Dharma (procedimentos para as quatro classes e ordens
principais da vida social) e assim se tornem devotos, através da prática
de devoção a Deus. Por outro lado, quando aparecem obstáculos na forma
dessas doenças, surge uma condição de vida muito artificial.
Os homens em diferentes países e continentes adquiriram
naturezas distintas. A natureza humana original é a mesma em qualquer
lugar. As naturezas secundárias são diferentes.
Embora a natureza principal seja a mesma, ainda assim, não
encontraremos dois seres humanos que tenham naturezas secundárias iguais
em todos os sentidos. Como é que homens nascidos em países distintos têm a
mesma natureza, ao passo que dois irmãos de uma mesma mãe são diferentes
em aparência e natureza, nunca iguais em todos aspectos? As águas,
atmosfera, cordilheiras, florestas, alimentos e vestimentas são todos
diferentes em diversos países. Devido a isso, a estrutura corpórea, cor da
pele, hábitos, roupas e comidas originais de cada país se tornaram
diferentes, de acordo, com as diferentes naturezas desenvolvidas em
compatibilidade com os respectivos ambientes. A condição mental também é
diferente em cada país em particular. As inclinações em relação a Deus,
incluídas aí, embora iguais em princípio, tornam-se diferentes por causa
das distinções de linguagem, vestimentas, alimentos, temperamentos etc..
Essas diferenças secundárias não causam nenhum dano quando consideradas
sob um ponto de vista imparcial. Não há nada de errado na hora da
realização, se existir unidade em relação ao objeto de adoração principal.
Portanto, o Senhor Chaitanya Mahaprabhu ordenou que adoremos a Deus, que é
essencialmente Sattva Puro (plenamente livre de qualquer toque
material), e não caluniemos os sistemas de outros adoradores.
Devido às razões acima, nota-se as seguintes diferenças nas
diversas religiões promulgadas por homens em países distintos: 1) os
Acharyas [mestres espirituais] ou preceptores, 2) preferências
mentais e conceitos, e dos adoradores, 3) os sistemas de adoração, 4)
conceitos e atos convencionais em relação ao objeto de adoração, e 5)
nomes e palavras de acordo com os diversos idiomas.
Sobre a diferença referente aos preceptores, Rishis,
ou sábios em alguns países (como o nosso), ou profetas como Maomé em
outros, ou ainda grandes almas como Jesus em outros, e muitos eruditos de
vários países têm sido recipientes de reverências especiais e honra. É
dever sagrado das pessoas em seus países respectivos, veneram corretamente
seus Acharyas. Mas não é certo propagar insistentemente
controvérsias sobre a superioridade dos Acharyas de seu país em
relação aos de outro, embora possa cultivar tal crença, a fim de adquirir
firmeza em sua fé. Essas desavenças não trarão nenhum benefício para a
humanidade.
Sobre as preferências mentais e conceitos dos adoradores
respectivos, a adoração em alguns países é feita pelo processo de
sentar-se em assentos adequados, manter as mãos e dedos em posições
específicas, controlar a respiração num certo modo, etc., noutros, pelo
processo de usar vestes soltas, e de forma alternada levantar e cair ao
chão cinco vezes por dia, com a face voltada para o templo principal de
adoração de acordo com a fé em particular; ainda em outros países, através
de se ajoelhar com mãos postas, em casa ou em locais públicos de adoração,
oferecendo preces com humildade e pronunciando orações ao Senhor. Nestes,
existem várias especializações regionais em matéria de vestimentas para a
adoração, comestíveis, comportamento, santidade, tipos de profanações,
etc.. Ao observar os modos de adoração prevalecentes em regiões distintas,
suas diferenças serão notadas claramente.
As diferenças são singulares entre os conceitos e atos
convencionais em relação ao objeto de adoração nas diversas regiões. Uns
têm os corações cheios de devoção, Figuras e Imagens de Deus concebidas na
alma, na mente e no mundo, as quais adoram com a percepção interna de que
sendo mais inclinados à razão, concebem Deus mentalmente, e O adoram
assim, não admitindo nenhuma imagem ou figura. Na realidade, as figuras
são as mesmas de uma forma ou de outra.
Sobre as diferenças de linguagem, alguns dão certos nomes a
Deus e denominam sua religião diferentemente, usando palavras distintas na
hora da adoração.
Devido a essas cinco diferenças, as diversas religiões do
mundo produziram uma grande desunião, a qual é bem natural. Mas o que não
é direito são as desavenças e brigas causadas por essa desunião, que fazem
um grande mal para a humanidade. Se acontecer de estarmos presentes nos
locais de adoração de outra religião, no ato da adoração, devemos ter uma
atitude respeitosa, com a seguinte mentalidade: "Aqui está sendo adorada
minha Entidade Suprema adorável (Deus numa forma diferente da minha). Por
ser uma prática diferente da minha, não posso compreendê-la plenamente,
mas por observar, sinto um maior apego pelo meu sistema. A Entidade
Suprema (i.e., Deus) não é mais que uma. Prostro-me com reverência perante
Sua imagem, como estou vendo aqui, e oro ao Senhor que adotou esse aspecto
diferente, para que incremente meu amor por Ele, na forma aceita por mim".
(Vide as preces de Sri Hanuman que afirmam Sri Ramachandra como seu Senhor
exclusivo, embora ontologicamente não haja diferença entre Ramachandra e
Sri Narayana).
Aqueles que não agem dessa forma e caluniam os sistemas
diferentes, com sentimentos de inveja, ódio ou malícia, são altamente
tolos e lamentáveis. Eles não têm amor pelo seu objeto de busca, tanto
quanto têm por desavenças e brigas inúteis.
Só há uma ressalva sobre esse ponto. É lamentável caluniar
processos diferentes de adoração, mas quando existem falhas reais, elas
nunca devem ser respeitadas , muito pelo contrário, é benéfico para os
Jivas, tomarem providências para erradicá-las de forma concreta.
Foi por isso que Sri Chaitanya Mahaprabhu argumentou com Budistas,
Jainistas e professores da não-distinção, e os fez adotar o caminho
adequado. O comportamento do Senhor deve ser modelo para Seus devotos.
As religiões onde prevalecem os males do ateísmo,
cepticismo, materialismo, negação da alma, como epicurismo, panteísmo,
politeísmo e monismo da não-distinção, não devem ser consideradas pelos
devotos. Devem ser vistas como anti-religiões, pseudo-religiões e
religiões falsas. Seus seguidores são muito desafortunados. Os
Jivas devem tentar se proteger ao máximo contra esses males. Amor
puro é a virtude eterna dos Jivas. Mesmo se apresentar essas cinco
diferenças, uma religião é verdadeira, se o seu objetivo for a obtenção do
amor puro por Deus. Não é direito brigar sobre diferenças externas. Se o
objetivo for o amor puro, então todas as outras circunstâncias dessa
religião devem ser aceitas como adequadas. As doutrinas do ateísmo etc.,
citadas acima, não são naturais, e são antagônicas ao amor.
O amor por Krishna é que considera-se como puro, amor
imaculado. A natureza do amor exige que ele se abrigue em alguma entidade
(Ashraya) e aceite outra entidade como seu objeto (Vishaya).
Não pode existir amor sem Ashraya e Vishaya. O coração do
Jiva é o Ashraya do amor. E somente Krishna é o
Vishaya do amor. Quando o amor imaculado surge em sua plenitude,
faz com que o caráter da entidade adorável, por meio do Brahman,
Ishvara e Narayana, culmine em Sri Krishna. O néctar do
caráter de Sri Krishna tratado no Srimad Bhagavatam, a jóia suprema de
todas as escrituras, é a verdade obtida pelo grandioso sábio, Srila
Vyasadeva, no seu Samadhi ou meditação profunda, com controle dos
sentidos e concentração da mente na contemplação de Deus. Srila Vyasadeva
teve o Bhakti-samadhi [vivência devocional de Deus] inato, ao ser
aconselhado por Sri Narada, o sábio celestial, e viu a Natureza Plena de
Sri Krishna. Ele narrou o caráter da Entidade Suprema, Sri Krishna,
através do qual gera-se a devoção amorosa a Ele nos Jivas, e
acaba-se com todas suas aflições, distrações e temores. Os Jivas
obtêm dois tipos de concepção, de acordo com suas respectivas
competências, quando estudam ou ouvem sobre o Caráter de Sri Krishna: elas
são conhecidas como Vidvat-Pratiti (concepção pelo saber) e
Avidvat-Pratiti (concepção pelo que não é verdadeiro saber). O
caráter de Sri Krishna é visível aos olhos mundanos durante Sua existência
no mundo, mesmo assim, causa Vidvat-Pratiti nos verdadeiros sábios
e Avidvat-Pratiti em homens de mentalidade material. Quem desejar
entender plenamente esses dois tópicos deve procurar o Sat-samdarbha (de
Sri Jiva Goswami), o Bhagavatamritam (de Sri Sanatana Goswami e Sri Rupa
Goswami), ou o Sri Krishna-samhita [do próprio autor, Srila Bhaktivinoda
Thakur], para um estudo cuidadoso sob a guia de professores competentes.
Seria impraticável tratar sobre eles aqui neste livro. Em resumo, pode-se
dizer que a concepção com a ajuda de Vidhya-shakti (poder
verdadeiro do saber) é Vidvat-Pratiti, e com a ajuda de
Avidya é Avidvat-Pratiti.
Todas controvérsias que surgem sobre o Caráter de Sri
Krishna são devidas a Avidvat-Pratiti, enquanto que nenhuma surge
por causa de Vidvat-Pratiti. Quem desejar obter a verdadeira
bênção espiritual, deve imediatamente adquirir Vidvat-Pratiti. Qual
a necessidade de perder o verdadeiro interesse pessoal, por causa de
discussões controvertidas sobre Avidvat-Pratiti.?
A partir daqui, vamos dar orientações sobre
Vidvat-Pratiti. Vidvat-Pratiti só é possível para aqueles
capazes de ultrapassar o pensamento sobre a matéria, e entendem o que é
Chit, isto é, sensível ou supra-material. Eles enxergam a Beleza de
Krishna com seus olhos-Chit, ouvem as descrições de Seus
Passatempos com seus ouvidos-Chit, saboreiam-No em todos aspectos
com sua Chit-Rasa (faculdade supra-material de saborear).
Todos passatempos de Sri Krishna são Aprakrita (transcendentais) e
além do âmbito da matéria. Krishna pode se tornar Objeto da visão material
por Sua potência inconcebível, mas os olhos e outros órgãos materiais não
podem naturalmente recebê-Lo em seu campo de percepção. Os passatempos de
Deus que ficam ao alcance dos órgãos dos sentidos durante Seu período de
estadia neste mundo, também, não podem produzir o fruto da visão etc. de
Deus, a menos que o observador tenha obtido Vidvat-Pratiti. O fato
é que geralmente só Avidvat-Pratiti está disponível. Muitos pensam
que a Entidade de Krishna não é eterna, devido a Avidvat-Pratiti,
assim imaginam o nascimento, o crescimento, a degeneração etc. do corpo de
Sri Krishna. Por causa de sua Avidvat-Pratiti, o estado
Nirvishesha (não-distinção) parece ser real, e o de
Savishesha (distinção), parece material ou mundano. Assim, ao
pensarem que há distinção na Entidade de Krishna, decidem que é mundana.
Não é função da faculdade da razão averiguar o que é a Entidade Suprema.
Como o poder humano da razão, que é limitado, será capaz de agir a
respeito da Entidade Ilimitada? Conseqüentemente, só se pode conhecer e
vivenciar (saborear) a Entidade Suprema por meio da faculdade de
Bhakti (devoção), que está latente nos Jivas. O que
denominamos como Nirmala-Prema (amor puro imaculado), chama-se
Bhakti em seu estado preliminar. Vidvat-Pratiti não surge
sem a graça de Sri Krishna, e por Sua graça, Vidvat-Shakti [poder
do verdadeiro saber] se torna ajudante dos Jivas.
Entre todas concepções sobre a Entidade Suprema
prevalecentes no mundo, a única adequada para Vimala-Prema é aquela
sobre a Natureza de Sri Krishna. As concepções sobre Alá, encontradas nas
escrituras Muçulmanas, não são adequadas para aplicação em
Vimala-Prema. Até mesmo Seu amigo mais querido, o Payagambara
(Profeta), não é capaz de encontrar Sua Natureza, visto que a Entidade
Adorável mantém uma distância de Seu adorador devido à Sua Majestade,
mesmo que Se dispondo amigavelmente. Deus concebido na religião Cristã,
também Se mantém longe do adorador, que dizer então sobre Brahman.
Sri Narayana também não é acessível ao livre amor dos Jivas. O
único Objeto para Vimala-Prema direto (vide Bhakti-rasamrita-sindhu
1.1.11) está presente em Vraja (Vrindavan, etc.) da natureza Chit
(transcendental).
A Dhama (região) de Krishna é repleta de
bem-aventurança. Embora a majestade exista em sua totalidade, ela não tem
predominância. Lá, tudo é pleno de doçura e bem-aventurança por natureza.
A riqueza consiste de frutas, flores e galhos. Os únicos súditos são o
rebanho bovino, os meninos pastores de vacas são os amigos, as meninas
pastoras de vacas são as companheiras, a alimentação consiste de leite,
manteiga e coalhada. Todas as florestas e bosques estão saturadas de amor
por Krishna. O rio Yamuna ocupa-se no serviço a Krishna, e toda a natureza
O serve. A Entidade que é recipiente de veneração e adoração como
Para-Brahman em qualquer outra parte, é a única Riqueza da vida
nessa região, e em algumas vezes é igual ao adorador, e em outras,
inferior ao adorador. Se não fosse assim, como é que o insignificante
Jiva pode fazer amor com a Entidade Suprema? Ele é altamente
esportivo, Mestre do desejo, e intensamente deseja o Vimala-Prema
dos Jivas. Ele é o Senhor por Natureza, será que Ele anseia pelo
amor das pessoas, ou obtém prazer em satisfazer-Se com a adoração delas?
Sri Krishna, que é a fonte da mais primorosa e saborosa doçura excelente
da esportividade, obtém bem-aventurança na Vrindavan transcendental, ao
admitir Sua igualdade e inferioridade em relação aos Jivas, que são
o receptáculo de tal doçura saborosa, ao manter toda Sua majestade oculta
sob Sua encantadora doce suavidade. Para aqueles que determinaram como
objeto de suas buscas o puro e imaculado amor em sua plenitude, quem mais
além de Sri Krishna pode ser o Vishaya desse amor? Embora, termos
como Krishna, Vrindavan, Gopa, Gopi,
Yamuna, Kudamva-salumva etc. possam não ser citados em
algumas partes, devido a diferenças lingüísticas, ainda assim, os termos
que se usam para nomes, regiões, e tudo necessário que se usa para os
denominar terá de ser admitido pelos cultivadores do amor puro. Portanto,
não há outro Vishaya para o amor puro além de Sri Krishna.
Se a tendência ao apego de Raga puro ainda não
despertou, o praticante deve se devotar a Krishna por sentimento de dever
, e adotar os Vidhis (observação das injunções e proibições
ordenadas nos Shastras) principais e secundários. Se considerarmos
com profundas deliberações, veremos que existem apenas dois caminhos para
cultivar amor por Krishna, isto é, Vidhi e Raga. Raga
é raro, e quando surge, Vidhi não se aplica mais ao cultivador. O
dever principal dos seres humanos é estar sob a direção de Vidhi
até que Raga seja gerado. É por esse motivo que os Shastras
mencionam dois caminhos, ou seja, o caminho de Vidhi e o caminho de
Raga. O caminho de Raga é bem auto-suficiente, por isso não
existem regras. Somente pessoas extraordinariamente afortunadas e
altamente competentes é que são capazes de andar nesse caminho. Por esse
motivo, somente as regras para o caminho de Vidhi é que foram
estabelecidas sistematicamente.
Até mesmo aqueles que desafortunadamente negam a existência
de Deus, formulam alguns "Vidhis" ou regras para o gerenciamento
dos meios de subsistência e preservação da vida. Esses "Vidhis" são
chamados de moralidade ou regras morais. A moralidade que não possui
nenhum sistema estabelecido para meditação em Deus, mesmo que seja muito
boa em outros aspectos, não é adequada para o propósito de tornar a vida
humana frutífera e eficaz. Ela é uma moralidade aversa, ao avesso. A
moralidade pode ser aceita como Vidhi para a vida humana, quando
for dotada de sistemas para a fé em Deus e para a execução de deveres para
Ele.
Há dois tipos de Vidhis: Mukhya (principal ou
primário) e Gauna (subordinado ou secundário). O desempenho para o
prazer de Deus é o único objetivo de nossas vidas, portanto, o
"Vidhi" que se destina a isso, diretamente (sem nenhuma
intervenção), é chamado de "Mukhya-Vidhi". E o "Vidhi" com o
mesmo objetivo, mas com algumas intervenções, é o Gauna. Isso será
mais claro com um exemplo. Banhar-se de manhã é um "Vidhi". A mente
se acalma, quando o corpo se refresca e fica livre de doenças, com o banho
matinal. A adoração a Deus só é possível quando a mente está tranqüila.
Nesse caso, a adoração a Deus que é o objetivo da vida, não está sem
intervenções, pois o efeito direto (sem intervenções) do banho é o frescor
do corpo. Se o fruto final desse Vidhi for aceito como refrescar o
corpo, então a adoração a Deus não será obtida como seu fruto. Quando
houverem outros frutos entre o fruto da adoração a Deus e o "Vidhi"
do banho, esses outros frutos serão fatores de intervenção. Quando há
intervenções, existe uma grande chance de surgirem obstáculos.
O fruto direto de Mukhya-Vidhi é Upasana
(adoração) a Deus. Não há frutos intermediários entre esse Vidhi e
o Upasana. O cantar dos Nomes e Glórias de Hari [Deus], ou o ouvir
sobre eles, podem ser chamados de Mukhya-Vidhi, pois o fruto direto
desses Vidhis é Upasana a Deus. Entretanto, se os
Gauna-Vidhis não forem adotados, mesmo que Hari-Bhakti
esteja sempre presente na mente, a característica normal de
Gauna-Vidhi é a garantia para que a alma tenha capacidade para
beber o néctar dos Pés de Deus sem pretensões, e incluir dentro de si toda
educação secular, arte, indústria, civilização, ordem metódica,
perseverança, e as regras de moralidade físicas, mentais e sociais. Na
verdade, seguindo Mukhya-Vidhi e com graça, a vida humana se torna
plena de bem-aventurança, com o néctar dos Pés de Deus, tanto no período
de prática como no período de frutificação.
Existem diferentes categorias de vida humana. Tais como, 1)
os que vivem em florestas, 2) os que vivem em sociedade, 3) os que vivem
com amenidades científicas, 4) os que são idealistas, mas ateus, 5) os que
são realistas e têm fé em Deus, 6) os que levam uma vida devocional, e
seguem estritamente as injunções dos Shastras, e 7) os que são
devotos Premika, devotos místicos de Deus. É um fato que aqueles
nascidos como seres humanos e não possuem fé em Deus, não são genuinamente
seres humanos no verdadeiro sentido. Quem não tem fé autêntica em Deus,
mesmo que seja muito culto, ou possua todas as amenidades científicas, e
seja um grande idealista, ainda assim, ele não pode ser superior a um
animal, pois não pode controlar suas propensões animais. O ser humano deve
conduzir a vida com fé em Deus e seguir os ditos do Shastra. Por
isso, neste livro, nós começamos a narração a partir da vida do ser humano
que acredita em Deus, e conduz a vida de acordo com as injunções dos
Shastras. O que entendemos como cultura, é a vida de quem acredita
em Deus, e sob essa óptica, valoriza as amenidades científicas e os pontos
de vista idealistas. Quando tal modo de vida for ultimamente conduzido
para a devoção pura ao Senhor Supremo, será o mais elevado prospeto de
vida - esses serão os assuntos tratados neste livro. A vida do ser humano
deve ser dotada espiritualmente. A característica principal e essência da
vida é Dharma. Dharma é dividido em dois, principal e
secundário. Quando a alma estiver iluminada e dotada com a bem-aventurança
divina, de acordo com a sabedoria intuitiva, a pessoa levará uma vida de
devoção, e essa é a verdadeira religião, ou Jaiva Dharma (religião
da alma). A religião secundária é aquela onde ainda há influência das três
qualidades de Maya [energia ilusória]. Quando a pessoa transcende o
Guna [qualidade] triplo de Maya, somente assim, ela
cultivará Jaiva Dharma, ou a religião da alma. Na religião
secundária, deve-se saber o que é Punya [virtude] e Papa
[pecado]. Por outro lado, quando o amor governa o coração, o devoto nunca
comete pecado, nem aspira por qualquer virtude, mas presta devoção
imaculada a Bhagavan [Deus] somente.
No primeiro estágio discutiremos religião secundária, e
finalmente abordaremos Prema-Bhakti.
Neste primeiro capítulo sobre divindade, primeiro usamos a
palavra Ishvara [Controlador], depois Bhagavan [Fonte das
Opulências], e finalmente Krishna. Mas os leitores não devem pensar
que Ishvara é diferente de Bhagavan, e Bhagavan é
diferente de Krishna, e assim por diante. Krishna é a única
realidade, e o Objeto de adoração de todas as almas liberadas. Krishna é a
manifestação final da Realidade Suprema. O senhor da Beatitude. Em geral,
quando Krishna é usado para se referir à Realidade, preferimos usar
a palavra Ishvara. Neste capítulo em particular abordamos a
criação, por isso usamos a palavra Ishvara em vez de
Krishna, e queremos dizer que Ishvara é o Supremo
Controlador. Além do mais, sempre que são discutidos assuntos espirituais,
geralmente são usados os três termos Chit, Achit e
Ishvara.
http://www.nitaigaura.xpg.com.br/hare_krishna.html |
Nenhum comentário:
Postar um comentário